Passei o dia com uma ressaca hoje. Não bebi nenhuma bebida de álcool, a ressaca que me refiro, é a literária. O livro que me deixou com esse sentimento? A morte de Ivan Ilitch, de Liev Tolstói. É um livro curto, aproximadamente 90 páginas, livro que te envolve e a leitura flui, a narrativa de faz adentrar no universo de Ivan e logo você está sentindo as dores, principalmente as psicológicas do personagem.
No livro, acompanhamos Ivan Ilitch, de sua infância até sua morte. A história não é contada de uma forma linear, inicia-se com o fato de sua morte, conhecemos alguns colegas seus e sua família e aos poucos, com alguns flashbacks e outros flashforward, entendemos quem foi Ivan.
A história se passa na Rússia, Ivan Ilitch, foi um filho prodígio: estudou em boas escolas e percebe-se que o desejo dele era ascender socialmente e financeiramente. Desse modo, todo o seu planejamento de vida, era feito para atingir seu objetivo final. As relações que ele criava, eram frágeis, já que eram construídas somente no conceito de utilidade. A preocupação pela aparência e em mostrar aos demais que eles estava bem financeiramente, no final, mostrou-se um fardo, já que ele atraia pessoas superficiais, que queriam aproveitar a relação de alguma maneira mais capital.
Destaquei alguns pontos que trazem reflexão na leitura e que podemos usar para analisar nossa vida:
A finitude da vida: O livro explora profundamente a finitude da vida humana e como muitas vezes evitamos encarar essa realidade. Através da história de Ivan Ilitch, somos confrontados com a inevitabilidade da morte e a importância de valorizar cada momento de nossa existência;
A busca por uma vida autêntica: Ivan Ilitch passa a maior parte de sua vida preocupado com questões superficiais, como status social e aparências. No entanto, quando confrontado com sua própria mortalidade, ele começa a questionar o significado de sua existência e a buscar uma vida mais autêntica e significativa;
A ilusão da busca por sucesso e prestígio: Ivan Ilitch é retratado como alguém que busca o sucesso e o prestígio social como forma de encontrar a felicidade e a realização. No entanto, ele percebe que essas conquistas não trazem verdadeira satisfação e que a vida consiste em muito mais do que apenas alcançar status e riqueza. Na busca somente por sucesso e prestígio, relações superficiais são construídas e alimentadas pela sensos de utilidade e as que devem ser verdadeiras, não o alimentadas;
A importância da autenticidade e do autoexame: À medida que Ivan Ilitch enfrenta sua própria morte iminente, ele é forçado a confrontar sua vida e suas escolhas. Ele começa a questionar sua autenticidade e se reconhece como alguém que viveu uma vida falsa, distante de sua verdadeira essência. Essa jornada de autoexame nos leva a refletir sobre a importância de vivermos de acordo com nossos valores e sermos verdadeiros conosco mesmos. Nos leva a procurar entender e valorizar nossos diversos “eus” - eu, enquanto profissional, precisar me desenvolver, porém, preciso ser mais do que o “eu" profissional, preciso ser o “eu" esportistas, que tem um hobby, que cultiva espiritualidade, que tem família e amigos.
No final do livro, fica clara a intenção do autor com o título, A morte de Ivan Ilitch é a história de vida de Ivan, mas ele não viveu, ele simplesmente foi morrendo aos poucos. O destino de Ivan Ilitch se entrelaça com nossas próprias jornadas, nos convidando a examinar a forma como vivemos e a despertar a consciência para a preciosidade dos momentos que vivemos. Este livro é um convite para uma introspecção profunda, um chamado à reflexão que, com certeza, vai permanecer ecoando em nossas mentes e corações muito além das últimas páginas.