blog do Eliezer

Porque devemos ter um álbum da copa incompleto

Já parou para pensar no quanto de habilidades sociais são necessárias para complementar o álbum?

Da Redação ·
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A experiência das figurinhas ultrapassa a passividade de somente assistir, além é claro, de formar vínculos e laços com quem você está montando o álbum.
fonte: Rovena Rosa/ Agência Brasil
A experiência das figurinhas ultrapassa a passividade de somente assistir, além é claro, de formar vínculos e laços com quem você está montando o álbum.

Completar um álbum de figurinha sempre mexe com imaginário de crianças e adultos e quando combinamos Copa do mundo com figurinhas, tudo fica mais intenso e é sucesso na certa. Para quem está desinformado, teremos Copa este ano e temos novamente, álbuns, onde se monta as seleções com figurinhas. Uma boa forma de criar uma experiência para o usuário, já que as figurinhas e os álbuns precederão o evento, ou seja, teremos uma copa por mais tempo. A experiência das figurinhas ultrapassa a passividade de somente assistir, além é claro, de formar vínculos e laços com quem você está montando o álbum.

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Existem muitas maneiras de completar o álbum, comprando figurinhas, trocando, “bafo" (será que alguém brinca disso ainda? se você não sabe o que é, tarefa! descubra) e compre o álbum pronto(!). Isso me assustou um pouco, mas parece ser mais normal do que parece. Conversando com alguns colegas, vários me disseram que compraram ou comprarão o álbum completo para presentear o filho, para evitar ter que fazer as opções anteriores.

Que fique claro, não estou fazendo propaganda do álbum, nem é um texto patrocinado. Na verdade, trago este simples exemplo, como síntese da sociedade: imediatismo e não enfrentamento da frustração.

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Já parou para pensar no quanto de habilidades sociais são necessárias para complementar o álbum? O ato de negociar as figurinhas; brincar de bafo é a ciência da tomada de decisão sendo colocada em prática; trocar nos muitos lugares exige várias micro estratégias. Sem contar em uma muito importante, a frustração de não achar alguma figurinha e ficar sem ela! Um ótimo simulacro da vida real.

Fico pensando na quantidade de profissionais que não consegue criar e desenvolver uma carreira a longo prazo, porque não consegue trabalhar em equipe, não consegue respeitar hierarquia, profissionais que têm, por vezes, muitas habilidades técnicas e poucas habilidades sociais!

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E a quantidade de pessoas tomando ansiolíticos? Pensamento acelerado, ansiedade, insônia… O Brasil é o país que mais torna ansiolíticos no mundo e ainda para piorar, o país que passa mais de 14 horas do dia conectado em redes sociais.

Tudo está ligado! A maneira como usamos as redes sociais nos faz gerar um sentimento de imediatismo, contemplamos pouco ou quase nada, pequenas conquistas são menosprezadas, pensamento a longo prazo? Não podemos nos dar o luxo de esperar. E tome ansiolítico, e toma sensação de que precisamos achar o lugar perfeito, utópico (que não é nosso trabalho, nossa casa, nossa comunidade), e toma falta de resiliência de enfrentar problemas simples e complexos, e toma… álbum comprado completo.

Que tal reverter tudo isso? Que seja sozinho ou com quem você está montando o álbum? Desligue o celular, contemple aquela figurinha rara conquistada no bafo, celebre a pequena vitória de completar um time. Transforme isso em um hábito, substituindo o álbum pelas diversas situações que temos na vida, seu “eu” do futuro agradece.

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