Dia que o Lago Jaboti esvaziou ficou marcado na história de Apucarana

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 22/01/2024
Capa da Tribuna do Norte no dia que o lago foi esvaziado

Se você mora em Apucarana é provável que já tenha ouvido falar sobre o esvaziamento do Lago Jaboti. O crime ambiental ocorreu em 12 de julho de 1996, quando uma das comportas foi destruída por um ato de vandalismo, deixando o lago completamente sem água. Isso resultou na morte de muitas carpas, tilápias e lambaris que haviam sido introduzidos no local em 1983, quando o lago foi inaugurado. O incidente chamou a atenção de muitas pessoas na cidade, que foram até a represa buscar os peixes.

Um desses apucaranenses foi Alberto Sebastião Coutinho, de 55 anos. Acompanhado de um irmão, ele saiu da casa onde morava, em uma chácara próxima ao distrito do Barreiro, para buscar os peixes de bicicleta. Sem parecer uma história de pescador, Beto Vaca, como é conhecido, contou que não pensou duas vezes e entrou com o irmão no lago, que estava coberto de lama, conseguindo pegar duas carpas. Veja entrevista em vídeo abaixo

"Eu ouvi boatos de que o lago estava esvaziando e que muitos peixes estavam morrendo, enquanto outros ainda estavam vivos e podiam ser pegos. Então, eu e meu irmão fomos de bicicleta até lá, entramos no lago e cada um de nós pegou duas carpas. Mas havia policiais no local que pediram para devolvermos os peixes, pois estavam contaminados. Meu irmão devolveu os que pegou, mas eu não, me arrastei pela lama com os peixes e os trouxe para casa", lembra Beto Vaca.

Segundo o apucaranense, as carpas estavam se debatendo no brejo e as que ele pegou pesavam, em média, 17 quilos cada uma. No entanto, ele viu pessoas pegando peixes de até 40 quilos ou mais. Como havia muitos peixes, ele deu um para um amigo e o que levou para casa dividiu  com a família e vizinhos. Ele ainda revelou que o sabor do peixe o surpreendeu.

"Antes de ir embora, dei uma carpa para um colega e passei em um posto onde um amigo meu, que trabalhava como lavador. Ele jogou água em mim e lavou a carpa. Coloquei o peixe na garupa da bicicleta; o rabo da carpa era tão grande que quase arrastava no chão. Cheguei em casa, limpei, dividi com a minha sogra e alguns vizinhos, e comemos. Mas vou ser sincero, não gostei do sabor dela, pois a carpa boa para comer tem até 3 quilos", pontua. 

Beto contou que pendurou no pé de manga da casa dele, como um troféu, a cabeça enorme do peixe e ela ficou lá até se deteriorar ao longo dos meses. "Na época, não havia celular para tirar fotos daquele dia. Se fosse hoje eu teria muitas lembranças", disse.

Pescador por amor, Beto comentou como foi triste presenciar a morte de inúmeros peixes e alertou que ainda hoje crimes ambientais ocorrem diariamente, pois as pessoas continuam poluindo o lago, deixando lixos espalhados pelo local. "Hoje em dia, passeio no lago com a esposa e o neto; agora pesco menos lá, mas já pesquei muito. A sujeira está grande por lá. Mas garanto que vou passar para o meu neto os ensinamentos da pescaria”, observou.

O caso foi tratado como crime ecológico e motivou a abertura de um inquérito policial. No entanto, os reais motivos da sabotagem até hoje são um mistério. Ninguém foi preso pelo crime. O conserto da comporta demorou uma semana e o nível da água voltou ao normal em 80 dias com a vazão de um dos três córregos que deságuam no local, Ribeirão Barra Nova, Córrego Jaboti e Córrego Água da Lagoa.

Leia aqui a matéria publicada pela Tribuna do Norte na íntegra. 

Reportagem da Tribuna do Norte sobre o fato; leia

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