A história do boné tem 50 anos em Apucarana e teve um dos seus momentos de maior destaque na mídia quando o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, morto em acidente no dia 1º de maio de 1994, usou o famoso modelo do Banco Nacional. O boné virou um ícone e até hoje é vendido como artigo vintage. Veja vídeo abaixo
Oficialmente, a primeira fábrica de bonés de Apucarana foi criada em 31 de janeiro de 1974, quando foi registrada a Faroli. Por isso, esta data é considerada o Dia Municipal do Boné pelo Arranjo Produtivo do Boné de Apucarana (APL Bonés) e pelo Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale).
-LEIA MAIS: Fatos na história: o dia em que caixa d'água caiu em Apucarana
No entanto, a produção começou pelo menos dois anos antes. Em1972, pioneiros do setor - Jaime Ramos e Wilson Fortuna - iniciaram a produção artesanal de bandanas e tiaras, que eram comercializadas em feiras agropecuárias, exposições e no litoral paranaense. Hoje, a cidade é um dos grandes polos na confecção do artigo, com uma produção mensal em torno de 4 milhões de peças, o que representa mais da metade da produção nacional do setor.
São 2,2 mil empresas, entre formais e informais. O segmento reúne atualmente uma gama de empresas que vão além do produto final, com aviamentos, tecidos e serviços, sem contar as facções que atuam na informalidade.
Segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o segmento do vestuário, envolvendo bonés, camisetas, jeans e moda, soma 7.175 trabalhadores com carteira assinada, além de pelo menos o mesmo número de trabalhadores informais no setor.
Em 2010, Apucarana conquistou o título de Capital Nacional do Boné, a partir da publicação da Lei Federal nº 2.793/08. Os bonés fazem parte da cultura de Apucarana. Quem chega à cidade pela BR-369, vindo de Arapongas e Londrina, é recepcionado pela escultura de um boné gigante. Por muitos anos, todos os pontos de ônibus também eram do formato do acessório.
Dentro dessa rica história, o boné do antigo Banco Nacional, usado pelo piloto Ayrton Senna, levou o nome de Apucarana para o Brasil e o mundo.
O empresário Antônio Carlos Macarrão Machado, que atua no setor de bonés desde 1987, é um dos guardiões da memória do boné na cidade. Ele mantém um acervo particular com reportagens de jornais, fotos e filmagens antigas, além de itens de colecionador, incluindo um boné do Banco Nacional usado pelo piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, que foi fabricado em Apucarana.
Macarrão faz questão de destacar a importância Jaime Ramos e Wilson Fortuna, que começaram trabalhando na produção de bandanas no porão de casa de forma artesanal com a Flamarana, a primeira empresa no início dos anos 1970.
Ele conta que iniciou sua trajetória no segmento justamente com Jaime Ramos no final dos anos 1980. Segundo Macarrão, o boom do setor ocorreu a partir dos anos 1990, principalmente com a Cotton’s, que foi uma empresa de vanguarda na área de confecções.
Segundo ele, o piloto Ayrton Senna pode, sim, ser considerado o grande divulgador do boné de Apucarana e ajudou no crescimento do segmento. “Senna foi o maior garoto propaganda, não só do Banco do Nacional, mas do boné. Como era um herói nacional, tinha grande evidência e se tornou uma espécie de padrinho do setor”, comenta.
O boné usado por Senna foi fabricado justamente pela Cotton’s, que hoje não existe mais. O modelo é ainda produzido por outras empresas e vendido como um produto vintage. Macarrão teve oportunidade de conhecer pessoalmente o piloto.
O empresário lembra que Senna reclamava dos bonés de espuma, que, segundo ele, estariam provocando a queda do seu cabelo. Por isso, houve uma mudança na fabricação para atender o piloto.
Em 1998, quatro anos após a morte de Senna, um grupo de empresários do Paraná viajou para a Europa e visitou o museu da Ferrari, em Maranello, na Itália. No local, alguns itens estavam à venda, incluindo um boné do Banco Nacional do piloto brasileiro, que nunca correu pela Ferrari. Um empresário apucaranense, que estava na comitiva, fez questão de olhar a etiqueta: fabricado em Apucarana.
Veja a entrevista em vídeo com Macarrão: