O Hospital Veterinário da UniFil, em Londrina, vai suspender o atendimento de animais silvestres e exóticos encaminhados pela Força Verde, Instituto Água e Terra (IAT), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e outros órgãos públicos.
Mesmo sendo o único Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS) no norte do Paraná, a instituição aguarda desde abril a renovação do convênio com o Governo do Estado. "Já são oito meses sem qualquer apoio oficial, a UniFil está bancando tudo. Sem o mínimo de contrapartida do governo estadual, infelizmente não vamos mais seguir com o trabalho que é referência", afirma o reitor Eleazar Ferreira.
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Mesmo sem convênio, a UniFil bancou o atendimento de mais de 1,2 mil animais no período de abril a novembro deste ano. "É um custo alto. O Hospital Veterinário mantém profissionais especializados dia e noite, faz cirurgias, ultrassonografias, raio X digital, exames laboratoriais, fornece medicamentos, alimentação e garante ambiente seguro no acolhimento, diagnóstico, tratamento e recuperação dos animais. Estamos custeando tudo isso, mas é impossível continuar. A fauna é um bem público, fizemos nossa parte até agora. O estado deixou de cumprir com sua obrigação", destaca o reitor.
O convênio do Hospital Veterinário da UniFil e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Meio Ambiente) teve duração de dois anos, de 2021 a abril de 2023, no valor de R$ 150 mil para o período de 24 meses. "Recebíamos uma quantia irrisória como CAFS, se dividirmos dá seis mil e poucos reais mensais. Paga quase nada das despesas. Tem situações que mantemos animais por meses, com todo tratamento para recuperação. Sabemos do compromisso como Hospital Veterinário, mas queremos ser parceiros do Governo do Estado de forma justa. A conta não pode ser só da UniFil", declara o reitor Eleazar Ferreira.
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Como CAFS no norte do Paraná, o Hospital Veterinário teve vários exemplos de atendimentos que ganharam repercussão pela qualidade e resolutividade. Houve uma onça que chegou a receber células-tronco, num procedimento cirúrgico inovador. Vários tipos de animais, inclusive alguns em risco de extinção, foram socorridos e salvos pela equipe do HV: dezenas de onças, lobo guará, tamanduá bandeira, macacos, cachorro e gato do mato, quati, ema e uma quantidade grande de pássaros.
No caso mais recente, o HV acolheu três filhotes de onça-parda resgatados numa propriedade rural em Andirá, no Norte Pioneiro. Os animais chegaram no início de novembro, estão em tratamento e devem permanecer sob os cuidados da equipe do Hospital Veterinário pelo menos até os cinco meses de idade, com alimentação específica, medicação, exame e muitas horas de trabalho de profissionais especializados. A UniFil deve custear tudo.
"Fizemos nosso trabalho muito bem feito, sempre. Não temos como bancar tudo isso sem convênio e a participação do poder público. É triste, mas chegamos ao limite", pondera o reitor da UniFil.
*Com informações Tarobá News.