A acentuação de perdas em Nova York no meio da tarde, em queda até 1,58% (S&P 500) no fechamento da sessão, limitou a alta do Ibovespa e, ao fim, colocou o índice em leve baixa de 0,18%, aos 108.782,15 pontos, após recuo de 2,55% na sexta-feira. Hoje, a referência da B3 oscilou entre mínima de 108.377,75 e máxima de 109.476,06 pontos, saindo de abertura aos 108.976,70. O giro financeiro ficou limitado a R$ 22,2 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa cede 6,25%, com ganho no ano a 3,78%.
No exterior, a aversão a risco prevaleceu nesta segunda-feira desde a sessão na Ásia, estendendo-se aos horários de negócios na Europa e nos Estados Unidos. "Os protestos contra os lockdowns e a política de Covid-zero na China se agravaram no fim de semana, os piores dos últimos anos, talvez mesmo da última década. Com relação ao número de casos da doença no país, a situação ainda não foi controlada, até piorou. Traz preocupação, especialmente aos preços de commodities: o petróleo segue caindo, chegando a perder quase 3% pela manhã, perto das mínimas do ano", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Ainda assim, os contratos futuros de petróleo encerraram o dia em alta, após terem operado na maior parte do pregão no vermelho, reagindo a renovadas especulações a respeito de um possível novo corte de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que se reúne na próxima semana. O barril do petróleo WTI para janeiro fechou em alta de 1,26% (US$ 0,96), a US$ 77,24 na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o do Brent para fevereiro avançou 0,21% (US$ 0,18), a US$ 83,89 na Intercontinental Exchange (ICE).
Em dia também positivo para o minério de ferro, em alta de 2,37% em Dalian (China), o desempenho das principais ações de commodities na B3 - Petrobras (ON +2,47%, PN +2,10%), embalada pelos fartos dividendos, e Vale (ON +0,49%) - contribuiu para limitar a retração do Ibovespa na sessão, negativa para a maioria dos grandes bancos, com destaque para Itaú (PN -1,81%) e exceção para BB (ON +1,81%). Petrobras ON teve a segunda melhor performance entre os componentes do Ibovespa na sessão, atrás apenas de Rumo (+3,65%) e à frente de CCR (+2,29%) e de Petrobras PN. No lado oposto, Americanas (-9,68%), Via (-6,70%), Marfrig (-5,93%) e CVC (-5,77%)
No exterior, os investidores sustentaram desde cedo grau maior de cautela, em início de semana carregada na agenda de indicadores econômicos, observa em nota a Guide Investimentos, com potencial para eventual recalibragem de apostas quanto à última decisão de política monetária do Federal Reserve, em dezembro. "Além do CPI da zona do euro (na quarta-feira) e os PMIs oficiais de novembro na China (terça), receberemos o Livro Bege (também na quarta), a inflação (PCE) de outubro (quinta-feira) - o índice de preços preferido do Fed - e o relatório oficial de empregos em novembro nos Estados Unidos, na sexta-feira", aponta a Guide.
Hoje, declarações de autoridades do Fed voltaram a causar inquietações, o que contribuiu para deteriorar o sentimento dos investidores no meio da tarde, em Nova York. Conhecido pelo viés "hawkish", o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou hoje que o BC americano precisará manter os juros em nível elevado em 2023 e 2024, e que chegar à taxa terminal de juros o mais rápido possível é o melhor, no momento. Segundo Bullard, ainda há algum caminho no aperto monetário para colocar a política monetária em nível restritivo.
Por outro lado, o presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, também com direito a voto no comitê de política monetária (Fomc), defendeu cautela para reduzir os altos índices de inflação. "Não podemos arriscar períodos sustentados de deflação. O ideal é que ela fique em torno de 2% ao ano", explicou, durante participação em evento no Clube Econômico de Nova York.
Em entrevista ao Financial Times, a presidente do Federal Reserve de Cleveland, Loretta Mester, com direito a voto em 2022, lamentou que o banco não tenha feito o máximo possível este ano, reafirmando que talvez seja necessário apertar ainda mais a economia. Mester apontou que o Fed poderia ter começado a aumentar as taxas de juros antes do período em que de fato aconteceu. "Parte disso foi porque queríamos ter certeza de que não estávamos surpreendendo o mercado, mas estávamos explicando por que estávamos fazendo o que estávamos fazendo", disse.