Ibovespa sobe 1,40%, perto dos 128 mil pontos, com moderação de tensões

Autor: Luís Eduardo Leal (via Agência Estado),
quinta-feira, 05/12/2024

O Ibovespa se reaproximou da linha dos 128 mil pontos nesta quinta-feira e fechou no maior nível desde o último dia 26, hoje aos 127.857,58 pontos, em alta de 1,40% na sessão, no que foi seu melhor desempenho desde 22 de novembro. Desde o dia 28, quando cedeu 2,40% no ajuste inicial ao anúncio do pacote fiscal do governo, o índice tem alternado ganhos e perdas em base diária. Mas, de ontem (-0,04%) para hoje (+1,40%), parece mostrar padrão mais estável, tendo saído de mínima de 123.946,16 durante a sessão da sexta-feira passada para máxima a 127.989,06 pontos na sessão de hoje, em variação de 4 mil pontos entre os polos do intervalo.

Nesta quinta-feira, o piso do dia (126.087,09 pontos) correspondeu praticamente ao nível de abertura (126.087,78 pontos), com giro financeiro a R$ 23,1 bilhões no fechamento. Na semana e no mês, o Ibovespa registra alta de 1,74%, ainda cedendo 4,72% no ano. Como pouco visto desde que se impuseram as preocupações em torno do pacote fiscal - com efeitos diretos sobre o câmbio, hoje ainda a R$ 6,00 (-0,63%) no encerramento, e a curva de juros doméstica -, a recuperação do índice da B3 foi bem distribuída, nesta quinta-feira, pelos componentes da carteira, especialmente entre as ações de maior peso e liquidez.

Na contramão dos preços do petróleo - em leve viés de baixa na sessão -, Petrobras ON e PN subiram, respectivamente, 1,49% e 0,99%. Vale ON avançou 0,82%, na máxima do dia no fechamento, e os ganhos entre as ações dos principais bancos ficaram entre 1,23% (BB ON) e 2,14% (Itaú PN). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para Eletrobras (ON +4,02%), Multiplan (+3,63%) e Iguatemi (+3,54%). No lado oposto, CVC (-8,98%), Hapvida (-1,15%) e Braskem (-1,11%) - apenas 11 das 86 ações que compõem a carteira Ibovespa fecharam no negativo.

"Foi também um dia relativamente leve para os ativos de risco lá fora, sem grandes destaques na agenda de dados econômicos", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas, destacando a expectativa, amanhã, para o ponto alto da semana, os dados oficiais sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em novembro, a poucos dias da deliberação do Federal Reserve, na próxima quarta-feira, 11, sobre a taxa de juros de referência.

"No cenário doméstico, depois de os ativos brasileiros terem uma longa sequência de 'underperformance' desempenho abaixo em relação aos pares, houve uma recuperação hoje, uma certa reversão, com alta da Bolsa e apreciação no câmbio, e algum fechamento na curva de juros, sem um gatilho muito definido. O noticiário continua muito concentrado na tramitação inicial, no Congresso, do pacote de cortes de gastos", aponta o economista.

Segundo ele, a votação, na noite de ontem, dos requerimentos de urgência foi um desdobramento positivo, ainda que tendam a permanecer incertezas fiscais até que se defina a efetividade e a economia proporcionada pelo pacote - principalmente se haverá ou não mudanças nos textos e o ritmo em que serão votados, acrescenta Ashikawa. "De qualquer forma, houve uma relativa descompressão hoje nos ativos brasileiros, após o que se viu nas últimas semanas."

"A pressão contra a ideia de isentar do IR a renda de até R$ 5 mil por mês começa a produzir efeito sobre a Bolsa e o câmbio, em recuperação na sessão de hoje. Um pouco mais de responsabilidade fiscal é algo interpretado de forma positiva pelo mercado", diz Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos. Ele destaca a retomada das ações do setor bancário pelo terceiro dia: um dos segmentos que mais haviam sido impactados no ajuste inicial da Bolsa ao pacote da semana passada, quando o Ibovespa havia fechado, naquela quinta-feira, no menor nível em cinco meses - exatamente na mínima desde 28 de junho.