A Polícia Civil de Arapongas investiga a conduta do proprietário de uma lanchonete que expôs nas redes sociais vídeos de adolescentes infratores. Conforme as imagens, os menores consumiram no local e tentaram fugir sem pagar a conta. No entanto, todos foram pegos pelo dono do estabelecimento e obrigados a quitar a dívida fazendo faxina. O fato foi registrado na noite do último domingo (18), no Conjunto Corina Pugliese.
Imagens gravadas por uma mulher (que a polícia acredita ser uma funcionária) mostram quatro meninas e dois meninos limpando o piso, mesas, cadeiras, banheiro e até a cozinha da lanchonete. Ao todo, seis vídeos circularam pelas redes sociais. Um inquérito foi instaurado para investigar as circunstâncias em que o caso ocorreu.
(Seis vídeos circularam pelo Facebook e WhatsApp. Foto: Reprodução)
De acordo com o delegado adjunto da 22ª Subdivisão Policial (SDP), Audair da Silva, os jovens foram interrogados e confirmam a tentativa de fuga, contudo, negam que tenham feito qualquer acordo para pagar a consumação e ainda relatam torturas físicas e psicológicas.
Mesmo diante do comportamento dos jovens, o delegado acredita que houve exagero da parte do proprietário. "Os menores alegam que foram interceptados pelo proprietário que estaria armado e que foram torturados com sacos plásticos e puxões de cabelos. Alguns deles apresentavam sinais de lesões, alguns provocados por substância corrosiva, que suspeitamos que seja soda", informou Silva.
A disponibilização dos vídeos na internet também é outro fator que pesa contra o proprietário do estabelecimento. Mesmo diante de um ato infracional, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe a divulgação de imagens de menores. Inclusive, o simples ato de compartilhar fotos de crianças ou adolescentes que tenham cometido algum crime pode gerar multa de até R$ 15 mil segundo o ECA. A multa está regulamentada no artigo 247 do ECA, que criminaliza quem expor nome, apelido, endereço ou a imagem deles.
"Não contente em impor esse vexame, a situação foi toda gravada e disponibilizada pelas redes sociais e o ECA prevê uma punição para quem divulga imagens de menores em ato infracional", reitera o delegado.
O delegado também quer descobrir se a Polícia Militar foi chamada para atender a ocorrência. De acordo com ele, os menores afirmam que a corporação foi acionada.
"Por enquanto só temos a versão dos menores. O próximo passo é ouvir os proprietários e funcionários do estabelecimento", concluiu o delegado.
Para o Audair, ainda é cedo atribuir a responsabilidade aos menores. Contudo, o delegado destaca que a atitude correta diante da tentativa de fuga seria acionar a polícia e o Conselho Tutelar para que medidas cabíveis fossem tomadas.
A reportagem tentou falar com o proprietário do estabelecimento, no entanto, ele não se manifestou sobre o assunto.