O aumento de casos de doenças respiratórias em crianças que moram em Apucarana levantou um alerta na saúde municipal. Para tentar proteger o público infantil, a prefeitura vai adiantar a vacinação contra a gripe. O prefeito Junior da Femac e o secretário Emídio Bachiega falaram sobre o assunto na tarde desta terça-feira (26), através de uma transmissão ao vivo no Facebook.
Conforme o prefeito, além de adiantar a vacinação, três Unidades Básicas de Saúde vão atender em livre demanda e o Centro Infantil atenderá até às 22h.
A vacinação contra a gripe para crianças de seis meses a cinco anos incompletos, que estava prevista para acontecer na semana que vem, já vai ser realizada a partir desta quarta-feira (27), das 8h30 às 16h30, em todas as UBSs com sala de vacinação. É preciso levar documentos pessoais. E no sábado (30), acontece o dia D de vacinação.
O prefeito ainda repassou que a segunda medida para atender melhor as crianças, é manter um plantão em três UBSs, das 9h às 21h. As UBSs que atenderão em horário especial são: Maria do Café, no Jardim Ponta Grossa, Antônio Sachelli, no Jardim Colonial e Raul Castilho, no João Paulo. Aos sábados, domingos e feriados, o atendimento será das 7h às 19h.
Outra ação da prefeitura, será o atendimento ampliado no Centro Infantil, de segunda a sexta das 6h30 às 18h, com consultas agendadas e das 18h às 22h, em livre demanda.
"Precisamos nos organizar para enfrentar essa situação, tivemos aumento no número de casos de doenças respiratórias em crianças, começamos observar esse aumento no começo de abril, final de março, hoje o aumento é de mais de 300% no número de casos atendimentos no município e no Materno Infantil do Hospital da Providência o aumento foi de 400% no número de atendimentos de crianças com doenças respiratórias. Precisamos trabalhar juntos para enfrentar esse momento. Além dos atendimentos, o que chama atenção é a falta de medicamentos ligados à questão respiratória", disse Junior da Femac.
Casos de crianças com problemas respiratórios disparam
O médico Luiz Carlos Busnardo, que atende no Centro Infantil, se mostra preocupado. Segundo ele, o problema é geral. Em Maringá, por exemplo, a Santa Casa suspendeu nesta semana o atendimento às crianças por não dar conta da demanda. Em Apucarana, ele afirma que o sistema ainda está se comportando bem. São oito pediatras atendendo os pacientes na rede municipal.
Segundo Busnardo, o fim do isolamento e a volta às aulas podem ajudar a explicar esse fenômeno, além do início do outono, quando as temperaturas começam a ficar mais amenas. “O que nos preocupa é que muitos casos, alguns deles graves, são de crianças de zero a 4 anos, que têm um poder de defesa menor”.
Muitas vezes, o quadro evolui rapidamente, exigindo internação hospitalar. Busnardo observa que poucos são os atendimentos hoje de Covid-19 entre as crianças, principalmente por conta da vacina. No entanto, os demais vírus não têm essa proteção, como o metapneumovírus, o rinovírus, vírus sincicial respiratório e a influenza. São justamente esses vírus que vão proporcionar a temida Síndrome Aguda Respiratória (SRAG). Na semana passada, repercutiu o caso de uma menina de dois anos que precisou ser transferida para São Paulo após contrair uma pneumonia grave e o quadro piorar drasticamente.
Pediatra alerta para "situação caótica" na saúde infantil
Um alerta feito pelo pediatra Luiz Henrique Veloso sobre os riscos das doenças respiratórias em Apucarana repercutiu nas redes sociais nos últimos dias. Segundo ele, a gravidade dos casos envolvendo os pacientes infantis no atual momento é semelhante ao registrado com a Covid-19 entre os adultos durante o auge da pandemia.
Segundo ele, o aumento de consultas e atendimentos chega a mais de 200% nas últimas semanas. “A gente está vivendo na pediatria a mesma situação caótica vivida pelos adultos no início da pandemia de Covid-19. O aumento de casos é muito grande, absurdo até, e a gravidade dos pacientes é algo que preocupa muito”, diz.
Na semana passada, um menino de dois anos morreu após um quadro gripal evoluir para uma pneumonia. Segundo o médico, o registro de casos mais delicados no trato respiratório é discutido pelos médicos e já vem sendo alvo de estudos científicos. “O primeiro ponto é que as crianças ficaram dois anos em isolamento domiciliar por causa da pandemia, com as aulas suspensas. Assim, a imunidade das crianças não precisou trabalhar. Agora, com o retorno às atividades escolares, sem máscaras e com contato com os colegas, as crianças estão mais suscetíveis aos vírus. Como a imunidade não dá mais conta, os quadros gripais estão evoluindo rapidamente para pneumonia, por exemplo”, diz.