Os casos de problemas respiratórios em crianças dispararam em Apucarana nas últimas semanas. O número de atendimentos no Centro de Saúde Infantil Sonho de Criança, da rede municipal, vem crescendo desde março, quando as regras de isolamento foram afrouxadas e a rotina foi retomada nas escolas e creches. No entanto, a Covid-19 deixou de representar a maior preocupação no que diz respeito às crianças. O que agora gera alerta aos médicos e aos profissionais de saúde são outros vírus que afetam o aparelho respiratório, que podem ter consequências graves na saúde infantil.
Em janeiro, a média diária de atendimentos no Centro Infantil foi de 68 crianças e, em fevereiro, de 88. Em março, o número subiu para 123 e, nos primeiros dias de abril, para 224 atendimentos diários. Na comparação entre janeiro e abril, a procura aumentou 229%.
O médico Luiz Carlos Busnardo, que atende no Centro Infantil, se mostra preocupado. Segundo ele, o problema é geral. Em Maringá, por exemplo, a Santa Casa suspendeu nesta semana o atendimento às crianças por não dar conta da demanda. Em Apucarana, ele afirma que o sistema ainda está se comportando bem. São oito pediatras atendendo os pacientes na rede municipal.
Segundo Busnardo, o fim do isolamento e a volta às aulas podem ajudar a explicar esse fenômeno, além do início do outono, quando as temperaturas começam a ficar mais amenas. “O que nos preocupa é que muitos casos, alguns deles graves, são de crianças de zero a 4 anos, que têm um poder de defesa menor”.
Muitas vezes, o quadro evolui rapidamente, exigindo internação hospitalar. Busnardo observa que poucos são os atendimentos hoje de Covid-19 entre as crianças, principalmente por conta da vacina. No entanto, os demais vírus não têm essa proteção, como o metapneumovírus, o rinovírus, vírus sincicial respiratório e a influenza. São justamente esses vírus que vão proporcionar a temida Síndrome Aguda Respiratória (SRAG). Na semana passada, repercutiu o caso de uma menina de dois anos que precisou ser transferida para São Paulo após contrair uma pneumonia grave e o quadro piorar drasticamente.
Ocupação cresce na ala pediátrica
O reflexo dessa demanda está no aumento da ocupação no Hospital da Providência Materno-Infantil. A ala de pediatria tinha em janeiro 24,65% dos leitos ocupados e agora está com 46,44%. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), a ocupação está na faixa acima de 80%.
“As crianças estão muito sintomáticas, com febre nos primeiros dias, muito catarro, vômito e dificuldade de comer. A cada sintoma que surge, a família procura novamente o médico, ou seja, os pais levam os filhos várias vezes para receber atendimento”, assinala o pediatra Luiz Carlos Busnardo, citando ainda os casos de doenças bacterianas que também pressionam o sistema público de saúde.
“Os pediatras têm menos medo hoje da Covid-19 do que desses outros vírus, que não têm vacina e podem levar a criança a evoluir para casos graves”, reforça Busnardo. Ele orienta os pais a adotar alguns cuidados, principalmente quanto à aglomeração. “Aquilo que a gente aprendeu na pandemia de Covid-19 deve adotar agora. Quando necessário, é preciso fazer um isolamento racional para evitar o contágio”, completa.
Matéria escrita por Fernando Klein.
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