Enquanto o jovem Jordi Vilsinski Beffa, 24 anos, de Apucarana, finalmente conseguia falar com os pais, por vídeo chamada, na madrugada desta quinta-feira (05), a Polícia Federal deflagrava, em Curitiba, uma operação que pode dar novos rumos ao caso do rapaz e de mais dois brasileiros, que se encontram presos na Tailândia, acusados de tráfico internacional de drogas.
Jordi foi preso no dia 13 de fevereiro, quando desembarcava no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, em Bangkok, com uma grande quantidade de drogas na mala. Horas antes, um casal de brasileiros, uma mulher de 21 anos e um homem de 27 anos, que também haviam embarcado no Aeroporto de Curitiba, também foi preso com drogas escondidas num fundo falso de uma mala. As autoridades tailandesas informaram, na época, que os três brasileiros presos naquele dia, juntos, tinham 15,5 quilos de drogas.
Na operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (05) a Polícia Federal pode ter dado início ao desmantelamento de um esquema de aliciamento de brasileiros para o tráfico internacional de drogas. Uma mulher, de Curitiba, acusada de ser a responsável por aliciar os três brasileiros presos na Tailândia, foi presa na operação.
A TNonline teve acesso a um vídeo gravado no Aeroporto Internacional de Curitiba, no dia 13 de fevereiro. Nas imagens, aparece, de bermuda, a mulher que seria a mesma presa nesta quinta-feira (05), pela PF. Nas imagens ela aparece com um casal, o mesmo que foi preso ao desembarcar horas depois no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, em Bangkok, num vôo que chegou pouco antes do que levava Jordi Beffa. (Veja esse vídeo no final desse texto).
A PF informou que a operação Ong Bak – nome dado fazendo referência a um filme de ação que se passa na Tailândia -, visa à responsabilização criminal de traficantes de drogas pelo aliciamento dos dois homens e da mulher que embarcaram em Curitiba e foram presos em Bangkok, na Tailândia, no dia 13 de fevereiro deste ano, quando tentavam entrar naquele país com 15,5 quilos de cocaína em suas bagagens.
De acordo com a Polícia Federal, na operação, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, expedidos pela 9ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. As medidas judiciais visam a prisão de uma mulher, responsável pelo aliciamento dos transportadores das drogas ilícitas e a obtenção de mais provas sobre o seu tráfico para o exterior.
A PF informou que as investigações que resultaram nessa operação, foram iniciadas logo após a prisão dos brasileiros. Ainda segundo a PF, essas investigações apontaram que os dois homens já haviam viajado para o exterior, antes do período da pandemia de Covid-19, em situações que denotam que estariam transportando drogas. Essa informação da PF coincide com o relato do pai de Jordi à TNonline, que num primeiro contato com a reportagem, disse que o filho já havia feito uma viagem anterior ao exterior, versão que ele mesmo chegou a negar posteriormente.
COMO A OPERAÇÃO PODE AJUDAR JORDI
O advogado Petrônio Cardoso, que vem auxiliando a família Beffa, informou que deve entrar, ainda nesta quinta-feira (05), com um pedido de habilitação junto a Polícia Federal no Paraná, para que possa ter acesso aos documentos juntados nas investigações do caso.
“Essa prisão, essa investigação, como um todo, reforça até agora a nossa tese inicial de defesa do Jordi Beffa. Ele foi aliciado, ele é um rapaz que caiu num esquema de cooptação. Não é o traficante e muito menos o cabeça desse sistema”, diz o advogado.
A Polícia Federal informou nesta quinta-feira (05), que examina a possibilidade de requerer à Justiça Federal a extradição dos brasileiros presos na Tailândia, para que respondam pelos crimes praticados no Brasil. Nesse caso, os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação criminosa para o tráfico, cujas penas somadas podem alcançar 25 anos de reclusão.
“Desde o primeiro momento, nossa intenção sempre foi a de conseguir a extradição de Jordi para que ele possa responder pelos crimes aqui no Brasil, onde tudo começou. Nossa esperança é que agora, na medida em que possa contribuir com as investigações, ajudando a desmantelar o esquema de aliciamento para o tráfico, consigamos trazê-lo de volta ao Brasil”, comenta Petrônio.
PRIMEIRO CONTATO COM OS PAIS
Nesta madrugada de quinta-feira (05), Jordi Beffa pode finalmente falar com os pais, desde sua prisão, em fevereiro. Ele teve acesso a uma vídeo-chamada, por cinco minutos, quando pode rever as pais, seo Arlindo e dona Odete, que moram em Apucarana.
O advogado Petrônio Cardoso explicou que esse primeiro contato foi reservado exclusivamente à família. Relatou que foram minutos de extrema emoção para a família. O rapaz informou que está na mesma cela com o outro brasileiro preso no mesmo dia, em Bangkok, vem sendo tratado em condições de dignidade na prisão e, na vídeo-chamada, pediu que os pais enviassem a ele uma bíblia e, à mãe, pediu que lhe escreva mais cartas, que lhe servem de orientação e consolo na prisão.
Jordi Beffa informou, ainda, que foi avisado pelas autoridades penitenciárias que ele deve ser ouvido nos próximos dias pela Justiça da Tailândia. Provavelmente será chamado a prestar depoimento diante de um juiz na próxima semana.
O advogado Petrônio Cardoso explicou que ainda não conseguiu estabelecer uma parceria com advogados tailandeses para ajudar na defesa de Jordi. A embaixada brasileira, no máximo, indica uma lista de profissionais que prestam esses serviços, como o de tradução de documentos e outros trâmites da burocracia judiciária. Ele reitera que a família não tem a mínima condição de arcar com os custos de uma defesa para Jordi. Segundo Petrônio, só para acompanhar o caso, fazendo a mediação – sem portanto auxiliar na defesa, propriamente dita – os custos profissionais na Tailândia passariam de R$ 12 mil. Petrônio já informou que atua no caso voluntariamente, sem custos para a família.
Vídeo mostra a mulher presa pela PF, quando ela acompanharia, ainda no embarque em Curitiba, o mesmo casal que foi preso horas depois, na Tailândia.