Kelly Hummel é enfermeira coordenadora do Pronto Atendimento Covid em Apucarana. Ela conta que está a frente da equipe de atendimentos desde o dia 20 de março de 2020, quando o serviço foi disponibilizado para a população. “No início, o sentimento foi de apreensão e desafio, tínhamos medo porque não sabíamos ao certo com que estávamos lidando. Só consegui até agora porque tive apoio de toda a equipe para organizar fluxos, rotinas, procedimentos e técnicas. Quando iniciou o primeiro mês foi bem tranquilo, depois com a transmissão comunitária, não tivemos mais controle sobre a doença”, lembra.
Hoje, a rotina de trabalho é mais árdua. Um ano depois do início da pandemia, a população deixou de tomar cuidados básicos como uso da máscara, higiene das mãos e distanciamento social, o que tem agravado o quadro da doença em toda a região.
“Estamos colhendo os frutos do comportamento da população. Observamos que 70% dos casos de pessoas que chegam doentes aqui se contaminaram no ambiente familiar, nos momentos em que se abraçam e confraternizam com familiares que estão indo para a rua, não tomando os devidos cuidados. Hoje podemos ter um milhão de leitos de UTI, se a população continuar assim, mas não teremos capacidade de atender a todos os doentes”, argumentou a enfermeira.
Um ano depois do primeiro caso, região vive pior momento
Há exatamente um ano a região registrava o primeiro caso de coronavírus na cidade de Faxinal. No dia 25 de março de 2020, Luzia Mariano de 34 anos, testava positivo para a Covid-19. Recém-chegada dos EUA, ela estava na cidade para visitar familiares. Apenas 19 dias após o primeiro caso, no dia 13 de abril de 2020, o primeiro óbito pela doença foi confirmado. Um idoso de 79 anos, morador de Arapongas. Hoje, um ano após o início da pandemia, a região soma 35.136 infectados pela doença e 743 óbitos.
O Chefe da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana Altimar Carletto, avalia que após um ano de pandemia, houve avanço em relação ao conhecimento da doença, porém, vivemos atualmente o pior momento dessa crise. “Durante este tempo, tivemos um trabalho de preparação muito extenso em relação as normativas para combate da doença. Apesar disso tudo, o que se aprendeu lá atrás já se transformou muito com a chegada das novas variantes. A evolução e transmissibilidade é muita mais rápida, o doente hoje também mudou, são mais jovens. É uma doença muito dinâmica e a evolução é muito individualizada para cada pessoa. Estamos realmente no pior momento, ainda numa espiral crescente, com números maiores a cada dia de óbitos e contaminação, mesmo com significativo investimento do governo para aumentar o número de leitos nos hospitais”, avaliou Carletto.