Apucarana pode estar diante de uma “guerra do tráfico”. A afirmação é do delegado-chefe da 17ª Subdivisão Policial (SDP), Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, ao comentar nesta segunda-feira (23) a execução de um homem ocorrida no último sábado (21) em um posto de combustíveis nas proximidades do Estádio Olímpio Barreto, na Vila Nova. É a terceira execução do tipo registrada desde o começo do ano passado na cidade.
A violência empregada no crime do último sábado chocou a população. Câmeras de segurança registraram o momento em que um homem, identificado como Fidelso Rodrigues dos Santos Neto, de 30 anos, estaciona com a caminhonete Toyota Hilux para abastecer, quando pelo menos cinco homens armados chegam em um VW Jetta, com placas de Cascavel (PR) e começam a atirar. A execução ocorreu no final da tarde na frente de inúmeros clientes do posto de combustível. Nenhum foi atingido.
Segundo o delegado, a vítima era investigada por envolvimento com o tráfico de drogas. Marcus Felipe afirma que a onda de violência entre grupos que disputam pontos de vendas de drogas em Apucarana pode ter começado com a morte de Júlio César de Oliveira, de 39 anos, conhecido como Cesinha, em março de 2022. Ele foi executado a tiros em uma conveniência na Avenida Aviação, no Jardim Colonial, por quatro atiradores.
O segundo crime de repercussão ocorreu em dezembro do ano passado, quando Vanildo Augusto da Silva, mais conhecido como Jacaré, de 36 anos, foi atingido por vários tiros em uma lanchonete do Jardim Ponta Grossa. Os três crimes, segundo a polícia, foram execuções e podem ter relação, segundo as investigações feitas até agora.
“Essa disputa por pontos de drogas gera muita preocupação em Apucarana, principalmente pela forma como esses crimes estão sendo praticados, colocando em risco pessoas inocentes. A polícia está trabalhando para elucidar essas execuções ”, afirma o delegado.
Ele esteve no local do homicídio no sábado, acompanhando a perícia. Marcus Felipe chama atenção para a violência empregada. “Foram encontrados no local cartuchos de armas longas, como calibre 12, e calibre 556, de fuzil”, assinala. O delegado afirma ainda que o homem recebeu inúmeros tiros no corpo e também no rosto.
Marcus Felipe afirma que a polícia trabalha agora na busca de imagens de mais câmeras de segurança e depoimentos. No entanto, admite que é uma investigação complexa, porque a principal suspeita é de que os assassinatos tenham sido cometidos por criminosos contratados de outras cidades, e as testemunhas ou familiares não colaboram com as investigações por medo de represálias.
O delegado não descarta a possibilidade de mais vítimas nessa “guerra do tráfico”, mas assinala que as polícias – tanto a Civil quanto a Militar – estão trabalhando para tentar combater esse problema na segurança da cidade.
Segundo Marcus Felipe, a brutalidade empregada pelos bandidos é um sintoma preocupante para a situação em Apucarana. “A força do tráfico a gente mede pela violência utilizada”, diz. O delegado afirma que ainda não é possível relacionar a apreensão de quase uma tonelada de drogas, feita pela Polícia Militar (PM) na última sexta-feira (20), com esses grupos. "Vamos investigar", disse.