Famílias de presos enfrentam drama - Veja vídeo

Autor: Da Redação,
segunda-feira, 07/07/2014

Com uma bolsa em punho e a testa franzida, a diarista Cleuza Garcia, se prepara para entrar mais uma vez no Minipresídio de Apucarana. O drama já dura quatro anos. Mãe de três filhos, a apucaranense conta que teve o desprazer de ver o caçula ser preso por envolvimento em um homicídio.

Desde que o filho entrou na cadeia ela segue toda quinta-feira, com uma sacola lotada de alimentos e roupas para vê-lo e passar o apoio necessário para a recuperação. Ela é a única pessoa da família com coragem para frequentar a prisão.

Na fila de espera, formada majoritariamente por mulheres, Cleuza recorda a primeira vez que entrou na unidade. “Fiquei assustada. Nunca pensei que teria que pisar num lugar daquele. Isso me deixa abalada até hoje”, confessa.

Ela afirma que nunca procurou auxílio psicológico. É nas orações que a diarista encontra forças para enfrentar o problema e tentar passar uma imagem serena ao filho. “Eu sofro muito como mãe, mas nunca vou abandonar meu filho. Ele errou, mas continua sendo meu filho”, reitera.

Os olhos marejados e a inquietação causada pelo sentimento de impotência ao ver um ente querido privado de sua liberdade e exposto a precariedade das cadeias públicas caracterizam estas pessoas. Mas a esperança de deixarem o sofrimento no passado faz com que não fraquejem.

É essa esperança que mantém firme a dona de casa Elisiane Zaleski de Souza, 21 anos. Há cinco meses ela assumiu todas as responsabilidades de casa e cuida sozinha da filha de dois anos desde que o marido foi preso por tentativa de homicídio. Elisiane ainda diz que enfrenta preconceito de ser paraguaia e mulher de preso. “Sou a única pessoa que visita ele depois que foi preso. Tenho medo do futuro, do preconceito”, diz.

A dona de casa conta que, após a prisão do marido, perdeu a casa onde morava, teve que vender pertences para pagar advogado e comprar mantimentos. “Estou passando por dificuldades, mas não desisto do meu marido. Ele é inocente”, confia.

O comerciante Maurício André Moura, 49 anos, estava entre os poucos homens na fila de visita. O filho dele foi preso há quatro anos por assalto.“No início fiquei revoltado. meu filho nunca precisou disso. Era um rapaz que tinha boas condições financeiras”, conta.

Como pai, Moura tentou aconselhar o filho. Hoje, após o nascimento do neto, ele acredita que houve mudanças positivas. “Essa situação ainda me machuca muito, mas vou lutar pela recuperação do meu filho até o fim”, assinala.

A reportagem também conversou com uma mulher, que preferiu não se identificar, por medo de sofrer algum tipo de preconceito. Ela foi visitar a irmã presa por tráfico de drogas.