Astrônomos divulgaram nesta terça-feira (21) que detectaram o exemplo mais longínquo e brilhante de um pulsar visto até agora no Universo. O objeto foi localizado na galáxia NGC 5907, a cerca de 50 milhões de anos-luz de distância da Terra pelo observatório espacial de raios-X XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA). Segundo cientistas, o pulsar é cerca dez vezes mais luminoso que o recordista anterior, emitindo em apenas um segundo uma quantidade de energia que nosso Sol leva aproximadamente 3,5 anos para liberar.
Os pulsares são estrelas de nêutrons – os restos superdensos de astros gigantes que explodiram em supernovas– e foram descobertos por acaso nos anos 1960. O objeto tem potentes campos magnéticos e giram a altas velocidades, o que faz com que emitam pulsos periódicos de radiação eletromagnética (daí seu nome) em feixes direcionados, como um farol cósmico.
No caso do pulsar recém-encontrado, os pulsos acontecem atualmente em intervalos constantes de 1,13 segundo, o que permitiu a sua identificação pelos astrônomos nos dados de arquivo acumulados durante 13 anos tanto pelo XMM-Newton quanto pelo NuSTAR, outro observatório espacial de raios-X, sob a responsabilidade funcional da Nasa.
"Anteriormente acreditava-se que apenas buracos negros com ao menos dez vezes mais massa que nosso Sol, se alimentando de estrelas companheiras (em um sistema binário), poderia atingir luminosidades tão extraordinárias, mas os rápidos e regulares pulsos desta fonte são a impressão digital de uma estrela de nêutrons que claramente a distingue de um buraco negro", detalha Gian Luca Israel, pesquisador do Observatório Astronômico de Roma, Itália, e primeiro autor de artigo que descreve a descoberta, publicado na revista “Science”.
Os dados de arquivo revelaram também que a rotação do pulsar, designado NGC 5907 X-1, acelerou com o tempo, passando de 1,43 segundo nas observações feitas em 2003 para o atual 1,13 segundo. Se isso tivesse acontecido com a rotação da Terra, os dias teriam sido reduzidos em cerca de cinco horas. "Só uma estrela de nêutrons é compacta o suficiente para se manter inteira enquanto gira tão rápido", acrescentou Luca.
Consumindo estrela companheira
As mudanças no ritmo de rotação de um pulsar não são incomuns, mas a relativamente grande mudança observada neste caso reforça a suspeita de que o objeto está consumindo material de uma estrela companheira.
Desafio
"Este objeto realmente desafia nossa atual compreensão sobre o processo de acreção em estrelas de alta luminosidade. Ele é mil vezes mais brilhante do que a que se achava ser o máximo possível para um disco de acreção de uma estrela de nêutrons, então nossos modelos precisam de alguma outra coisa para explicar esta enorme quantidade de energia liberada pelo objeto", completou Luca.
As informações são do portal da ESA
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