A inovação exige seguir o paradigma empresarial vigente, que se refere à combinação de inter-relacionados fatores: produto e processo técnico, inovações administrativas e organizacionais. É um novo padrão de solução que passa a ser buscado pelas empresas, envolvendo um salto de qualidade em potencial de produtividade, por toda ou a maior parte da economia. É a abertura de uma não usual ampla escala de investimentos e oportunidades de geração de lucros e dinamização econômica para patamares superiores até então existentes.
O salto de evolução tecnológica, seguindo os padrões técnicos vigentes, impulsiona as economias para uma vizinhança tecnológica das mais avançadas. A ideia de vizinhança tecnológica, expressa a dimensão cumulativa do conhecimento técnico das empresas de determinada região, ou macro-região econômica, ou de um país, pela qual as inovações atuais tendem a ser semelhantes, mas podem ser superiores segundo atributos técnico-econômicos das precedentes, bem como ao fato de que a história de algumas tecnologias parece ser caracterizada por invenções primárias, ocasionais seguidas por uma onda de invenções secundárias mais forte, que permite às empresas de determinadas regiões ganharem novas posições competitivas no mercado.
As regiões, ou países, de elevadíssimo avanço técnico, normalmente abrigam também empresas que ocupam a Fronteira Tecnológica. Esta fronteira define uma assimetria tecnológica entre as empresas, ou seja: as iniciantes, as que estão no meio do processo de busca por inovações tecnológicas, e as que estão no topo do processo e ocupam o nível mais elevado da trajetória tecnológica - quanto às dimensões tecnológicas e econômicas – elas passam a ditar o novo paradigma, ou o novo padrão de solução. Em cima disto, vão surgindo novos focos de inovação, de modo a constituir um marco estrutural e um certo padrão para o avanço das inovações gerais, dotado de capacidade variável para 'impactar' ou 'permear' o conjunto da economia empresarial, 'ajustando' os âmbitos tecnológicos e político-institucional, dando novo fôlego ao processo de crescimento, incentivos, financiamentos e desenvolvimento empresarial, com fortes impactos no padrão econômico de determinada região, ou país, colocando seus processos competitivos regionais em novos patamares.
O novo paradigma leva a um novo modelo de organização produtiva, esse novo paradigma cria novos potenciais produtivos com novas oportunidades de investimentos, por isso, investimentos em educação e na difusão de inovações são fundamentais. E, assim, a eficiência coletiva e os ganhos de aprendizagem no interior de uma região, país, ou aglomeração empresarial se transformam em eficiência inovativa promovendo novos saltos no conjunto competitivo das empresas. É o novo modelo de busca por inovação que 'impacta', modifica, e tem forte relação com o dinâmico, jogando a economia em novos patamares econômicos competitivos dinâmicos.
Na busca de novo padrão de competição por meio da inovação, existe um conjunto de estratégias em que a empresa pode enquadrar-se: ofensiva, defensiva, imitativa, dependente, tradicional e oportunista. Quanto mais acirrado o processo de concorrência, maior a tendência ao esforço da empresa para a inovação, aumentando quase sempre os investimentos em design, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). A empresa que persegue uma estratégia ofensiva, normalmente tende a ser fortemente intensiva em inovação.
Dentro do ambiente institucional, a comunidade acadêmica e o setor empresarial, geram distintos conhecimentos amparados em quatro aspectos no que tange a interação universidade-empresa (indústria): i) Existem particularidades do aspecto inovativo que afetam as possibilidades de interação Universidade-Empresas; ii) Há especificidade das atividades nas esferas acadêmicas, empresarial, valores sócio-econômico e culturais destes ambientes; iii) Há uma estruturação de novos arranjos institucionais, que respondem aos estímulos ambientais com mudanças qualitativas entre ambos, mediante a consolidação de uma nova divisão do trabalho em curso; e, iv) Existem especificidades setoriais que influenciam fortemente as possibilidades de interação Universidade-Empresas.
A interação é importante, porque torna possível pela cooperação, a aproximação de uma equivalência do padrão tecnológico. É necessário, porém, ressaltar que as empresas são os principais agentes propulsores do processo inovativo, amparadas na obtenção de lucros econômicos. Estas inovações vão além de produtos e processos, pois alcançam novas formas de organização empresarial, novos mercados e novas fontes de matérias primas. Estes pressupostos constituem-se em ampla vantagem competitiva frente aos concorrentes, não se esquecendo da temporalidade do processo e da importância de se utilizar dos estoques de conhecimentos das equipes na resolução de múltiplos problemas. O conhecimento do meio acadêmico, portanto, possui certas especificidades resguardadas de setores para setores. Entretanto, quanto mais desenvolvido os aspectos interativos, maiores ganhos econômicos o empresariado poderá obter.
Por Paulo Cruz Correia.