A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) obteve nesta semana patente para a produção de biocombustível a partir do processo de tratamento de esgoto. A patente foi requerida pela Sanepar, em parceria com a Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
A nova tecnologia, registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), utiliza algas de lagoa anaeróbia de estações de tratamento de esgoto para produzir etanol de terceira geração. A pesquisa foi desenvolvida no curso de mestrado em Biologia na Unicentro pela bióloga Márcia Mendes Costa Guareski, que trabalha na Sanepar em Guarapuava.
Durante a pesquisa, foram utilizados efluentes das lagoas da estação de tratamento de esgoto da cidade de Nova Laranjeiras e do Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente (UASB) da ETE Vassoural, em Guarapuava. O estudo tinha como objetivo dar destino às algas que se proliferam nas lagoas de tratamento anaeróbio e precisam ser removidas para reduzir a carga orgânica e a cor do efluente.
Ao avaliar alguns parâmetros, como o tempo de hidrólise da biomassa, o teor alcoólico obtido e o volume produzido por tonelada seca de alga e comparar com a produção de etanol obtido pela cana-de açúcar, a pesquisa mostrou que o processo de esgoto é bastante favorável na geração do biocombustível.
O bioetanol feito com a biomassa apresentou teor alcoólico de 96%, portanto dentro da classificação especificada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) de teor alcoólico de 92,5% a 99% para o etanol combustível.
ETANOL SUSTENTÁVEL - O etanol é classificado como sendo de primeira, segunda e terceira gerações, conforme a matéria prima que lhe deu origem. A produção de etanol a partir de culturas sacarinas e amiláceas (cana-de-açúcar, beterraba, milho, trigo, batata) é de primeira geração, sendo um processo simples e já implementado industrialmente.
Mas não é o processo mais sustentável de produção de combustíveis, pois provoca pressão sobre o preço dos alimentos, causa degradação acelerada dos solos e consome grandes quantidades de água. Além disso, a produção de etanol está sujeita à sazonalidade das culturas.
A biomassa lenho-celulósica, após hidrolisada e com seus açúcares fermentáveis expostos, dá origem ao etanol de segunda geração. Embora o processo de produção seja mais complexo e dispendioso, não utiliza matérias primas destinadas à alimentação humana e animal.
Os coprodutos, como as algas e microalgas, são representantes do etanol de 3ª geração, sendo a única matéria prima sustentável capaz de assegurar a produção de biocombustíveis. Essa produção terá menor impacto ambiental, sem competir por espaço com as culturas alimentares.