A Força Nacional de Segurança foi convocada para atuar em Guaíra, na região oeste do Paraná, para conter um conflito de terra envolvendo indígenas do povo Avá-Guarani e proprietários rurais da região. A atuação foi autorizada pelo Ministério da Justiça após ataque ocorrido na noite da última quarta-feira (10), que deixou três indígenas feridos. A presença da Força Nacional foi pedida pelo Ministério dos Povos Indígenas, que considera a situação como um ataque ao povo Avá-Guarani organizado por fazendeiros locais.
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O caso desta semana é um desdobramento de uma disputa por terras que já dura décadas em Guaíra. Conforme a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a região onde as famílias indígenas estão ainda não foi demarcada e registra conflitos constantes com fazendeiros, já que ambos afirmam ter direito à área.
Segundo a Polícia Militar (PM), os três indígenas foram baleados por "indivíduo não conhecido" e um quarto homem foi agredido e feito refém por integrantes do povo Avá-Guarani. A ocorrência foi registrada na Avenida Roland onde, por volta das 21h. Dois indígenas foram atingidos de raspão e um terceiro foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com ferimentos mais graves.
Revoltados, alguns indígenas invadiram uma casa e levaram um homem de 51 anos, que foi agredido. O Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) foi acionado e afirmou que as equipes foram recebidas por grupos de indígenas armados com arcos, flechas e facões. Algumas flechas teriam sido disparadas contra a equipe, além de pedras, mas nenhum policial foi ferido.
Após negociações, o refém foi libertado. O homem foi levado para um hospital de Guaíra com braço e costelas quebradas, além de machucados na cabeça e nas costas.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio, esteve em Guaíra nesta quinta-feira (11). Ele se reuniu com representantes da prefeitura e das polícias Civil e Militar para tratar do problema.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas informou que as famílias indígenas do povo Avá-Guarani foram alvo de novo ataque organizado por fazendeiros locais.
A escalada do conflito, segundo o ministério, é "marcada por recorrente violações de direitos". A pasta informou que já no dia 27 de dezembro pediu ao Ministério da Justiça e Segurança Pública a atuação da Força Nacional de Segurança Pública . No entanto, a medida foi autorizada apenas nesta quinta para garantir a segurança dos indígenas.