A alta de 0,4% no volume de serviços prestados em março ante fevereiro manteve o setor operando em patamares muito próximos ao pico da série histórica, apontou Rodrigo Lobo, gerente da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A gente tem observado o setor de serviços em 2023 e 2024 em nível abaixo do pico de dezembro de 2022, mas em patamares similares ao fim daquele ano de 2022", disse Lobo. "Os serviços seguem operando em níveis muito próximos ao ponto mais alto da sua série histórica."
Em março de 2024, o setor de serviços operava 12,1% acima do nível de fevereiro de 2020, no pré-pandemia de covid-19, e apenas 1,5% abaixo do recorde alcançado em dezembro de 2022.
Na passagem de fevereiro para março, quatro das cinco atividades investigadas registraram crescimento, com destaque para as contribuições positivas de informação e comunicação (4,0%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (3,8%).
Lobo lembra que o subsetor de tecnologia da informação renovou patamar recorde no mês, mas também se destacaram os desempenhos de serviços de engenharia, de empresas de programas de fidelidade e cartões de desconto e das companhias "que atuam na administração de negócios em geral, principalmente empresas que usam seus aplicativos para vendas de bens e serviços".
Os demais avanços no mês ocorreram nas atividades de transportes (0,3%) e de serviços prestados às famílias (0,6%), enquanto o segmento de outros serviços (0,0%) ficou estável.
Lobo explicou que os serviços voltados às empresas têm peso muito maior na formação da taxa da PMS do que os serviços às famílias (que têm peso de apenas 8,24% na média global).
"A capacidade de influência dos serviços prestados às famílias no volume prestado de serviços total é menor", diz ele. "Necessitaria um evento extraordinário para que os serviços às famílias impactassem significativamente os serviços como um todo", acrescentou.
Ele cita como exemplo de influência extraordinária nos serviços às famílias a realização de grandes eventos, como Olimpíada e Copa do Mundo, que aumentam repentinamente o fluxo de turistas e impulsionam de forma extraordinária a demanda por esses serviços. Sem esses picos, um crescimento na demanda pelos serviços às famílias precisaria ocorrer "de forma mais alongada, com a diminuição da desigualdade social".
"O mercado de trabalho, com aumento no emprego, não vai necessariamente levar a um aumento substancial no consumo de serviços. As pessoas tendem a aumentar o consumo de itens essenciais", explicou Lobo. "As movimentações no mercado (de trabalho) não tendem, no curto prazo, a impacto significativo nos serviços prestados às famílias. O mercado de trabalho maior e os níveis de preços mais comportados não se refletem imediatamente nos serviços às famílias", afirmou.
Lobo explica que grande parte dos serviços às famílias é composta por serviços supérfluos, não sendo consumidos pelas classes mais baixas, mas sim pelas famílias de renda mais alta, cujo orçamento é mais blindado a oscilações de preços e do nível de emprego.
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