Apesar do momento favorável para o mercado imobiliário - com forte ampliação dos lançamentos e das vendas pelas incorporadoras - há uma preocupação com o impacto da subida da inflação e dos juros sobre nos próximos meses. "Quando olhamos para a frente, o mercado é desafiador", disse o vice-presidente financeiro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Eduardo Aroeira.
Ele comparou que a 'fotografia' mostra um ano excepcional para o mercado imobiliário. Mas quando se considera o desenrolar das atividades, há incertezas se o 'filme' continuará mostrando dados positivos mais à frente.
Um dos pontos de atenção é que o custo de construção já está acima da inflação média do País. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 5,72% nos 12 meses encerrados em outubro, enquanto a inflação geral, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), avançou 4,76% no mesmo período.
A expectativa é que o INCC continue exercendo uma pressão de alta no curto prazo, disse Aroeira, sobretudo devido à elevação dos custos de mão de obra, dada a situação geral da escassez de trabalhadores qualificados. Consequentemente, as margens das incorporadoras tendem a ficar mais apertadas se não houver subida no preço de venda dos imóveis.
Outra preocupação diz respeito à subida dos juros, que encarece as parcelas do financiamento para aquisição da casa própria e esfria a decisão de compra pela população.
Há preocupação também com a oferta de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para o Minha Casa Minha Vida (MCMV). Embora o orçamento do fundo para o programa habitacional em 2025 esteja praticamente igual ao de 2024, o nível de produção de moradias deve ser menor, porque o custo unitário está subindo.
"O crescimento do mercado neste ano não garante crescimento ano que vem", alertou o economista e conselheiro da CBIC, Celso Petrucci. "Com o aumento nos preços, isso pode representar uma meta física (número de unidades) menor", comentou.