Após um movimento de correção na véspera, o Ibovespa retomou a tendência positiva e encerrou a sessão desta quarta-feira, 14, com ganho de 1,99%, a 119.068,77 pontos, acima da linha de 119 mil no fechamento pela primeira vez desde 21 de outubro, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O índice operou em alta ao longo do dia, mas teve os ganhos turbinados nas últimas horas do pregão pela mudança na perspectiva da S&P para o rating do Brasil (BB-) de estável para positiva.
O anúncio da agência de classificação de risco favoreceu o otimismo com os ativos do País e aprofundou a queda dos juros futuros domésticos, que já operavam em baixa após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ter deixado em aberto as próximas decisões de política monetária no país. O sinal do dirigente reduziu o pessimismo após a "pausa hawkish" da autoridade, que manteve os juros na faixa de 5% a 5,25%, mas sinalizou a necessidade de novas altas.
Assim, a chance de uma nova alta da taxa dos Fed Funds em julho, que chegou a tocar 75,5% após a divulgação do comunicado do BC americano, encerrou o dia em 64,5%, conforme a ferramenta de monitoramento do CME Group. A maioria dos índices de Nova York encerrou o dia no azul - com altas de 0,39% do Nasdaq e de 0,08% do S&P 500, contrabalanceadas pela queda de 0,68% do Dow Jones -, o que favoreceu o desempenho do Ibovespa.
A combinação desses fatores fez com que o Ibovespa encerrasse o dia com ganhos em todos os setores, com destaque para os sensíveis aos juro domésticos, como imobiliário (2,29%), consumo (2,04%) e small caps (2,70%). Ações ligadas à economia local lideraram os ganhos da sessão, com destaque para Gol PN (11,80%), Yduqs ON (9,86%), Azul PN (8,66%), Hapvida ON (8,31%) e Locaweb ON (8,01%). Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, apenas 11 cederam.
"Existe um otimismo com países emergentes, onde estamos chegando mais perto de um ciclo de baixa dos juros e as economias seguem crescendo, com o Fed prestes a parar o ciclo. A mudança de perspectiva da S&P lembra ao gringo que o Brasil pode voltar a ser um player relevante na sua carteira", diz o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. "O principal fator do dia foi essa mudança de perspectiva que deu um impulso à queda dos juros e do dólar, o que é bom para a Bolsa também."
Em um dia positivo para empresas relacionadas a commodities, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras fecharam com alta de 4,30%, nas máximas da sessão, apesar de quedas superiores a 1% nos preços do petróleo. A expectativa de estímulos econômicos na China também favoreceu o setor de mineração e siderurgia, com altas nos papéis de Vale ON (1,75%), CSN ON (3,73%) e Gerdau PN (3,54%), ajudada também pela alta de 1,51% nos preços do minério de ferro na Dalian Commodity Exchange, na China.
"Os preços ligados a commodities acabaram sendo um destaque positivo do dia, com Petrobras e Vale subindo bem, o que tem a ver com a expectativa de que teremos estímulos na China, que vão impulsionar a economia global neste período", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Ele lembra que o comportamento dos ativos domésticos ainda vai depender da decisão do Banco Central sobre a taxa Selic da próxima quarta-feira, 21.
Mais cedo, o desempenho melhor do que o esperado das vendas do varejo ampliado já havia sugerido uma atividade econômica um pouco mais forte também no Brasil. O índice recuou 1,6% na passagem de março para abril, menos do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de queda de 2,0%. Após a divulgação dos números, o Itaú Unibanco informou que sua estimativa em tempo real (tracking) para o PIB do segundo trimestre avançou de 0,2% para 0,3%.
Entre as perdas do Ibovespa, os destaques ficaram com Cielo ON (-2,35%), CVC ON (-1,91%), Suzano ON (-0,85%), SLC Agrícola ON (-0,71%) e CCR ON (-0,63%). O Ibovespa oscilou entre mínima de 116.744,58 pontos e máxima de 119.084,50 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 71,8 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre o índice.