Ibovespa inicia semana em baixa de 0,36%, aos 128,5 mil pontos

Autor: Luís Eduardo Leal (via Agência Estado),
segunda-feira, 29/01/2024

Após duas sessões de recuperação moderada - a única sequência positiva desta segunda quinzena de janeiro -, o Ibovespa volta a ceder terreno neste início de semana de decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos. Faltando ainda a terça e quarta-feira para o fechamento do mês - em que acumula, até aqui, perda de 4,23% -, o índice caiu 0,36% nesta segunda-feira, a 128.502,66 pontos, com máxima a 129.068,28, saindo de abertura aos 128.969,74 pontos. Fraco, o giro foi de R$ 15,8 bilhões.

Com Vale (ON -0,47%) e os grandes bancos (Itaú PN -0,52%, Bradesco PN -0,90%) em contraponto a ganhos em Petrobras (ON +0,95%, PN +1,53%), o Ibovespa chegou a ceder os 128 mil pontos, atingindo 127.852,82 na mínima do dia. Mas limitou as perdas em direção ao fechamento, acompanhando os respectivos movimentos dessas blue chips - com melhora em Petrobras e redução do ajuste negativo especialmente em Vale -, e em encerramento de sessão muito positivo em Nova York, com Nasdaq (+1,12%) à frente.

Na ponta perdedora da carteira teórica, mais uma vez Gol, que nesta segunda tombou 33,61% - em meio ao processo de reestruturação a que deu entrada nos Estados Unidos, e com a divulgação, nesta segunda, de que o endividamento da empresa ficou acima de R$ 20 bilhões em dezembro de 2023. Assim, a queda da ação foi bem superior a de Casas Bahia (-4,71%) e de Suzano (-3,99%) - esta com o rebaixamento de recomendação pelo Morgan Stanley, para underweight, e preço-alvo reduzido de R$ 60 para R$ 47. No lado oposto do Ibovespa na sessão, Assaí (+4,78%), Hypera (+2,80%) e Raízen (+1,87%)

"A semana começa com gosto amargo, mas tem muita coisa ainda para acontecer, com decisões de política monetária, aqui e fora na quarta, Copom e Fed; na quinta, Banco da Inglaterra. É natural a volatilidade e aversão a risco nesse início de semana", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, enfatizando o rombo fiscal de 2023, anunciado nesta segunda-feira pelo Tesouro, que chega em momento no qual ainda pairam dúvidas sobre o grau de descumprimento da meta de déficit zero para 2024.

Assim, a curva de juros doméstica, em alta, andou na contramão dos rendimentos dos Treasuries nesta segunda, observa Letícia Cosenza, sócia e especialista da Blue3 Investimentos. "Sem contar com catalisadores que o empurrassem em outra direção, o Ibovespa chegou a perder mil pontos na mínima ante a abertura do dia, diz.

"Alguma menção deve surgir no comunicado do Copom desta semana, do lado interno, com olhar especial ao fiscal após essa divulgação de números ruins: déficit de mais de R$ 230 bilhões em 2023. Se o Executivo não apresentar propostas robustas, e negociar com o Legislativo a aprovação das mesmas, podemos ver deterioração rápida das expectativas e estresse na curva de DI nas próximas semanas. Isso poderia pressionar o Banco Central nas futuras reuniões do Copom", aponta Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.

Entre os segmentos da B3, Spiess, da Empiricus, destaca em especial a queda do setor metálico nesta segunda-feira. "No caso dessa cobrança de outorgas da Vale pelo governo, parece haver um certo revanchismo, o que se acresce às preocupações sobre o setor imobiliário chinês, que afeta o segmento metálico como um todo", acrescenta o analista. Nesta segunda-feira, além de Vale, o dia foi negativo para outros nomes do segmento, com Gerdau (PN -2,20%) à frente.

O governo federal cobra R$ 25,7 bilhões da mineradora por renovação de concessões ferroviárias durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro - dias depois de o Planalto ter feito um recuo tático quanto à indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para a presidência executiva ou, ao menos, o conselho de administração da mineradora. Em outro desdobramento negativo, a Justiça de Hong Kong determinou a liquidação da gigante chinesa do setor imobiliário Evergrande, o que pressionou o setor de mineração e de siderurgia nesta abertura de semana.

Segue no radar dos investidores, também, a divulgação do relatório de produção da Vale, com a ação da mineradora se aproximando de fim do mês em que acumula perda de 10,4%. "Muitas questões têm atrapalhado o desempenho da ação de maior peso no Ibovespa, como a sucessão de comando na Vale, nos últimos dias. Por outro lado, Petrobras tem ajudado, e hoje impediu que o Ibovespa caísse, com a recente recuperação de preços do barril - apesar de correção pontual vista hoje nas cotações da commodity", diz Spiess.