O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira, 25, que a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou a ideia que o colegiado promoveu uma "interrupção" - e não encerramento - do ciclo de cortes dos juros para poder avaliar os cenários externo e interno e tomar decisões a partir de novos dados. Em reunião na semana passada, o colegiado manteve a Selic em 10,5%, em uma decisão unânime.
"Eu dei uma passada de olho, agora pela manhã (ontem cedo), e penso que a ata está muito aderente ao comunicado (divulgado depois da reunião da semana passada), não tem nada de muito diferente do comunicado, o que é bom, e transmite a ideia de que está havendo uma interrupção para avaliar o cenário externo e interno para que o Copom fique à vontade para tomar decisões a partir de novos dados", disse Haddad.
Questionado sobre a mensagem do Copom de que eventuais ajustes futuros na Selic serão ditados pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta", e se isso não significaria que o BC pode elevar o patamar de juros, o ministro deu ênfase à interpretação de "interrupção" do ciclo de cortes.
"Eventuais ajustes, se forem necessários, sempre vão acontecer, né? O que é importante frisar é que a diretoria fala em interrupção do ciclo, me parece que essa é uma diferença importante a ser salientada", repetiu.
Haddad avaliou que a "pequena pressão inflacionária" gerada pelos efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul afeta os preços no curto prazo, enquanto o horizonte considerado pelo Banco Central é o de médio e longo prazos. Por isso, na avaliação do ministro, não haveria "sentido" a política monetária considerar o que acontece no Estado.
"O horizonte do BC é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fins de política monetária, porque o juro de hoje está afetando 12, 18 meses para frente", respondeu Haddad.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.