Cautela internacional em meio a dúvidas com China e EUA impede alta do Ibovespa por petróleo

Autor: Maria Regina Silva (via Agência Estado),
sexta-feira, 08/09/2023

A volta do petróleo tipo Brent aos US$ 90 o barril é insuficiente para animar o Ibovespa nesta sexta-feira, no retorno do feriado de quinta-feira, dada a queda das bolsas internacionais e do minério de ferro. Em Dalian, a commodity fechou em baixa de 2,07%, diante de persistentes preocupações com a desaceleração da economia chinesa após recuo firme nas exportações e importações em agosto do país.

Além disso, há dúvidas sobre se o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) continuará aumentando os juros, em meio a um mercado de trabalho aquecido e inflação ainda elevada. Ao mesmo tempo, há temores em relação a riscos geopolíticos China-EUA.

"Os mercados de ativos de risco ao redor do mundo estão enfrentando mais uma manhã de queda, com os investidores se mantendo cautelosos pelos dados fracos de atividade na China e na Europa, e com o mercado de trabalho nos EUA indicando que o Fed pode ter de subir de novo as taxas", resume em nota a Guide Investimentos.

Na quinta, as bolsas americanas fecharam com sinais divergentes, com a maioria dos índices em baixa. As perspectivas para o comportamento dos juros nos EUA é tema central dos mercados, acrescenta o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, em relatório.

"Para setembro, há certo consenso de manutenção dos juros, mas para novembro as apostas estão divididas. Ontem, a queda dos pedidos semanais de auxílio desemprego no país deu força ao lado que acredita em mais uma alta da taxa dos Fed Funds", avalia o economista da Tendências.

Na quarta-feira, o Ibovespa terminou a sessão com recuo de 1,15%, aos 115.985,34 pontos, elevando as perdas semanais a 1,62%, depois de subir 1,33% na anterior. Às 10h21, contudo, o recuo era de 2,17% no período. Hoje, o Índice Bovespa abriu aos 115.979,43 pontos (-0,01%) e em seguida chegou a cair 0,92%, na mínima aos 114.914,35 pontos.

Às 10h16, cedia 0,63%, aos 115.254,03 pontos.

"Os investidores seguem temerosos com a inflação e os juros prolongadamente altos no mundo, apesar de crescer um pouco a probabilidade de a economia dos Estados Unidos ter um pouco suave", avalia o economista Álvaro Bandeira, em comentário.

Nem mesmo a alta do petróleo atenua. Petrobras tinha recuo de 0,36% (PN) e de 0,59% (ON). Suzano tinha o maior recuo (-3,29%), seguida por CSN ON (-2,71%) e Vale ON (-1,87%).

Sobre o petróleo, a alta tende a pressionar a Petrobras para elevar os preços dos combustíveis. Em tese, isso seria favorável ao caixa da empresa, mas sabe-se que o assunto normalmente esbarra em questões políticas, o que tende a gerar desconforto no mercado.

A agenda esvaziada desta sexta-feira também reforça a cautela dos investidores. Somente à noite é que sairão dados com força para mexer com os mercados, mas isso só terá reflexo na segunda-feira, a não ser que os números da inflação chinesa sejam antecipados.

Os investidores também monitoram os sinais de tensões sino-americanas, às vésperas da Cúpula do G20, que acontece no fim de semana na Índia, onde o presidente chinês, Xi Jinping, será ausência notável.