Rebelião deixa dois presos mortos e um agente prisional ferido no Paraná

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 10/11/2017

MARTHA ALVES E ANA LUIZA ALBUQUERQUE

SÃO PAULO, SP, E CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Ao menos dois detentos morreram e um agente penitenciário ficou ferido em uma rebelião que já dura mais de 20 horas na Penitenciária Estadual de Cascavel (521 km de Curitiba), segundo informações da Polícia Militar.

A rebelião começou por volta das 15h30 desta quinta-feira (9) quando os presos tomaram o telhado da unidade prisional. Três agentes penitenciários foram feitos reféns pelos presos, segundo o Depen (Departamento Penitenciário), e dois ainda continuam como reféns.

No final da tarde desta quinta, um agente penitenciário com ferimentos graves na cabeça e no rosto foi resgato pelo SOE (Setor de Operações Especiais). Ele foi levado a um hospital da região, segundo a PM.

Policiais da região e equipes do SOE continuam na penitenciária negociando com os presos. Uma equipe do Bope (Batalhão de Operações Especiais) também foi enviada ao presídio.

Em nota, o Depen disse que os presos não fizeram nenhuma exigência e informações preliminares apontam para uma possível briga entre facções.

A penitenciária tem capacidade para receber 1.160 presos, mas atualmente abriga 980, de acordo com a Sesp (Secretaria de Segurança).

OUTRA REBELIÃO

Em 2014, uma rebelião na penitenciária que durou 45 horas terminou com cinco presos mortos e a penitenciária parcialmente destruída. A unidade ficou parcialmente destruída e 800 detentos foram transferidos.

O Sindarspen (Sindicato Dos Agentes Penitenciários do Paraná) reclama que, apesar da unidade ter passado por uma reforma, a abertura das celas e galerias da penitenciária ainda acontece de forma manual.

Segundo o sindicato, outro problema enfrentando diariamente nas penitenciárias do Estado é a falta de efetivo.

MASSACRE EM PRESÍDIOS

Em janeiro deste ano, outras rebeliões deixaram mais de 120 mortos em presídios do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte.

Na tentativa de estancar a guerra de facções em presídios superlotados, os governos estaduais, de forma emergencial, separaram os presos inimigos, receberam forças federais e anunciaram a construção de novas unidades.

O governo federal cedeu equipamentos e efetivo, além de promover um mutirão de defensores públicos, para acelerar a análise de prisões provisórias. Também anunciou a construção de mais um presídio federal, ainda em busca de terreno.

Para entidades de direitos humanos, no entanto, é preciso diminuir as prisões no país. "Uma política de incentivo a novas vagas é enxugar gelo. Não tem como dar certo a não ser que se reduza drasticamente a porta de entrada", diz Rafael Custódio, da ONG Conectas.

"Não se trata de uma crise, mas de uma política de encarceramento em massa. As condições que geraram aqueles massacres permanecem", afirma Isabel Lima, da ONG Justiça Global.