Exploradores serviram um mamute durante refeição. Ou será que não?

Autor: Da Redação,
sexta-feira, 05/02/2016
Um mamute empalhado escavado na Sibéria. Fonte: nytimes.com

O jantar anual do Clube dos Exploradores, ocorrido em 1951,  é famoso, pelo menos entre exploradores, paleontólogos e apreciadores de culinária exótica. Em suma, um mamute foi servido.

Um membro do clube e jornalista relatou sobre o menu no The Christian Science Monitor, e membros do clube comentam sobre o ocorrido desde então.

"Durante meu primeiro jantar, quando eu era um novo membro, me contaram sobre isso", disse Jack Horner, um paleontólogo da Universidade de Montana, EUA.

Infelizmente, de maneira semelhante a muitas outras histórias, era muito boa para ser verdade, como um grupo de pesquisadores de Yale relatou nessa quarta-feira (3) na revista Plos One. Entretanto, o relato, que foi investigado usando as mais modernas técnicas de pesquisa, ainda reserva algumas surpresas.

A história começa com a carne, originalmente anunciada no menu como Megatherium, uma espécie de preguiça já extinta, mas recordada com o passar das décadas como um mamute. O que o prato era de fato será revelado no final da história.

O motivo pelo qual foi possível se constatar o que os convidados consumiram foram algumas sobras que permaneceram em um balcão no Yale Peabody Museum of Natural History.

Paul Griswold Howes, um membro do clube, não pôde comparecer ao jantar de 1951, o que deve ter sido uma grande decepção, pois como notam os pesquisadores, os jantares fizeram do clube "tão famoso por seus pratos exóticos como tarântulas fritas e olhos de cabra quanto por seus notáveis membros, como Teddy Roosevelt e Neil Armstrong."

O sr. Howes era, entretanto, curador-diretor do Bruce Museum de Greenwich, Conn, e mesmo que não pudesse frequentar o jantar, gostaria de exibir uma parte deste em seu museu. Então, Wendell  Philips Dodge, o empresário que organizou o jantar, enviou a Howes uma amostra, afirmando ser Megatherium.

O exemplar fez seu caminho até Peabody em 2001, intrigando professores e estudantes com o passar dos anos.  Será que o jarro de etanol com um pouco de carne era realmente uma preguiça extinta do Alaska?

Recentemente, Matt Davis, um estudante de pós-graduação na Yale que estava estudando ecologia glacial e um dos autores do novo estudo, estava almoçando com Eric Sargis, outro autor, o qual estava dando um curso de mamologia. O sr. Davis era um professor substituto para o curso, e, durante a refeição, Dr. Sargis lamentou: "É incrível como eu não consigo fazer ninguém sem interessar pelo pedaço de preguiça que nós temos."

Davis recorda: "Fui fisgado na hora."

Foi feita uma análise de DNA, e eles recrutaram Jessica R. Glass, outra estudante de pós-graduação, e primeira autora da pesquisa, a qual estava estudando a genética de peixes marinhos.

Ela e outros cientistas se juntaram à equipe. Eles presumiram que a carne tinha milhares de anos, o que significa que analisá-la seria mais complicado do que testar uma mais recente. "Além disso, ela foi cozinhada", acrescentou Jessica.

No final, após vários testes, a equipe determinou que a carne não era preguiça e nem mamute, não era nem mesmo mamífero. Sopa de tartaruga também estava no menu daquela noite, e a carne na verdade era de uma espécie de tartaruga conhecida como Chelonia Midas.

Em uma publicação do clube ocorrida após o jantar, Dodge aparentou dizer que serviu tartaruga como se fosse preguiça. Os cientistas escrevem que ele "elegantemente descreveu a história da preguiça, mas insinuou que ele havia descoberto uma 'poção' pelo meio da qual ele poderia, por exemplo, fazer Cheylone mydas Cheuba do Oceano Índico virar uma preguiça gigante.

Mas ninguém deu atenção a ele, e a história continuou.

Muitos dos pesquisadores são membros do Clube dos Exploradores, os quais forneceram apoio à análise do DNA.

Will Roseman, o diretor executivo do clube, disse que estava satisfeito com a pesquisa, embora tenha afirmado que o mundo e o clube tinham mudado desde 1951,  e o velho gosto pelo exótico "cedeu lugar a um esforço para introduzir pessoas a alimentos que poderão sustentar a humanidade no futuro."

Fonte: The New York Times