A operação "Baby Shark", deflagrada nesta quinta-feira (29) pela 17ª Subdivisão Policial (SDP) de Apucarana, no Norte do Paraná, tinha como alvo um grupo criminoso que já movimentou cerca de R$ 17 milhões com o tráfico de drogas apenas via PIX. A organização criminosa atuava há mais de dez anos, de forma estruturada, com a finalidade de praticar diversos crimes. O valor, no entanto, pode ser até duas vezes maior contando com o dinheiro em espécie, segundo a Polícia Civil do Paraná (PC-PR).
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A ação policial contou com 245 agentes da Polícia Civil, uma aeronave e cinco cachorros, além de ter acontecido de forma simultânea nos estados do Paraná e Santa Catarina. No total, foram expedidos 172 mandados judiciais, sendo 69 de prisão preventiva, 63 mandados de busca e apreensão e 40 ordens de bloqueio de contas bancárias. Entre as ordens de busca e apreensão, encontram-se diversos veículos de luxo. Além do tráfico de drogas, o foco da operação foi o combate à lavagem de dinheiro.
Ao todo, 54 pessoas foram presas em Apucarana, Ortigueira, Rio Bom, Califórnia, Marilândia do Sul, no Paraná, e em Jaguará do Sul, em Santa Catarina. Entre os detidos estão dois irmãos, Nenezinho e Nenezão, que seriam os líderes do grupo. Eles foram encaminhados para unidades prisionais federais.
Denominada de "Operação Baby Shark" por conta dos apelidos dos irmãos e da denominação da quadrilha, a ação policial, que aconteceu sob o comando do delegado-chefe Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, visou combater crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas e financiamento para o tráfico de drogas.
Investigação
A organização criminosa vinha sendo investigada pela 17ª SDP de Apucarana há um ano. Os policiais civis descobriram que o grupo estruturou uma "empresa criminosa complexa", dividida em núcleos e com responsáveis por condutas que faziam a engrenagem criminosa funcionar.
"A organização criminosa investigada atuava de forma organizada e possuía centenas de pontos de vendas de drogas que eram instalados em imóveis que ora eram invadidos e seu proprietários eram expropriados, ora alugavam este imóveis, realizavam a adequação destes imóveis para funcionar como pontos de venda de drogas, que contavam com sistema de videomonitoramento que servia tanto para a fiscalização da comercialização das drogas como para monitorar a ação das forças de segurança", explicou a corporação.
Os sistemas de monitoramento também eram utilizados para acompanhar a aproximação policial. Os agentes de segurança eram vistos há mais de cinco quilômetros de distância dos pontos de venda de drogas.
Prejuízo milionário e violência extrema
O grupo criminoso movimentou mais de R$ 17 milhões com a venda de drogas, apenas com transações por meio de PIX e máquinas de cartão de crédito. Investigação da 17ª SDP aponta que um valor duas vezes maior do que este tenha sido movimentado em dinheiro em espécie. Em pouco mais de dois anos, a quadrilha teria realizado mais de 52 mil transações bancárias. Contas das esposas e companheiras dos líderes eram utilizadas para "afastarem" os valores movimentados.
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Ainda segundo a PCPR, a organização criminosa agia com extrema violência, realizando torturas de membros que praticavam "faltas" e em usuários, por dívidas. As sessões de tortura, inclusive, eram divulgadas como forma de "exemplo". O grupo também é suspeito de envolvimento em dezenas de homicídios realizados nos últimos anos e possui grande arsenal de arma de fogo.
As prisões efetuadas nesta quinta-feira referem-se tanto as principais lideranças do grupo, como também membros do núcleo financeiro, operacional e os “soldados” que auxiliavam as lideranças a manter a maquina criminosa em funcionamento.