A empresa Viação Apucarana LTDA – VAL – está sendo notificada pela prefeitura de Apucarana nesta segunda-feira, 24, por conta de imagens que revelam a imprudência de um motorista de 61 anos que trabalha no transporte coletivo. Ele foi flagrado por câmeras de segurança, no último sábado, 22, atravessando a linha do trem segundos antes da passagem da composição férrea, enquanto dirigia um ônibus com pelo menos 10 passageiros na região do Núcleo Habitacional Michel Soni. O motorista já foi afastado provisoriamente das funções enquanto o caso é apurado.
Segundo o superintendente do Instituto de Desenvolvimento, Pesquisa e Planejamento de Apucarana (Idepplan), Carlos Mendes, a prefeitura, que é o poder cedente do serviço, está notificando a empresa a tomar providências em relação a quebra da cláusula de garantia de segurança para os passageiros, prevista em contrato. A empresa deverá apresentar as providências que serão tomadas e a prefeitura avaliará se as atitudes serão suficientes.
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“Com a resposta da empresa, vamos avaliar se as providências serão suficientes. Em relação a demissão do motorista envolvido no caso, é necessário observar o que está previsto no contrato de trabalho e também o que preveem os direitos trabalhistas dele, para depois tomar uma decisão”, informou Mendes.
De acordo com o gerente da VAL, Enivaldo Bertazzo, o motorista está sendo ouvido pela empresa nesta segunda. O depoimento dele será incluído no trabalho de apuração dos fatos, para que a empresa emita uma decisão final.
“Estamos dando oportunidade para o funcionário relatar a versão dele dos fatos, embora todos já saibam que houve imprudência, o que foi visto através das imagens divulgadas. Ainda assim, ouvi-lo faz parte dos trâmites de apuração. Esse motorista trabalha conosco há 04 anos e meio e esta é a primeira vez que ele se envolve em uma imprudência no trânsito”, declarou o gerente da empresa.
De acordo com o Idepplan, pelo contrato, a empresa tem 30 dias para apresentar as providências definitivas para o caso.
Passageira relata pavor
A professora Elisa Scheleider, de 19 anos, era uma das passageiras do ônibus que por pouco não se acidentou. Ela conta que estava retornando para casa depois de visitar uma amiga e que, no momento em que o motorista acelerou em direção à linha férrea, houve pânico geral.
"Eu estava na parte do fundo, do lado esquerdo, distraída, tanto que quando ele subiu a rua que tem a linha, o trem estava buzinando, mas eu nem liguei porque achei que ele iria parar. Ele foi subindo a rua e começou a acelerar, e eu ouvi as meninas gritando “vai bater, vai bater”. Escutei uma buzina muito forte, e quando olhei pro lado direito, vi o trem em cima, e as meninas levantando pra ir pra frente, porque se o trem batesse ia pegar na gente que estava no fundo”, relatou a passageira.
“Quando passou, a gente ficou quieta por causa do susto, e quando caiu a ficha do que tinha acontecido, a gente começou a conversar perguntando se estavam todos bem (...) aí começamos a falar com o motorista, que ele não tinha noção, que ele estava carregando vidas ali, e ele se irritou com a gente falando que a gente fez “escândalo” à toa. Mandei áudios chorando pra minha irmã, não estava conseguindo respirar e queria descer no ônibus, eu tive crise de ansiedade”, contou Elisa.