Pelo menos 40 apucaranenses podem estar entre as 763 pessoas mantidas presas até agora por conta dos ataques terroristas ocorridos na Praça dos Três Poderes no último domingo (8), em Brasília. A estimativa é do advogado Luiz Fernando Vilasboas, de Apucarana, que assumiu a defesa de 12 moradores da cidade detidos na capital federal desde segunda-feira (9).
Em entrevista ao TNOnline, Vilasboas afirma que o número representa apenas uma estimativa a partir da conversa com os seus clientes e com outros advogados. “Não temos um número exato, porque três ônibus passaram por Apucarana pegando passageiros”, assinala o advogado, que está representando 35 pessoas. Dos três ônibus, apenas um saiu de Apucarana. Os outros dois vieram da região e apenas pegaram passageiros na cidade.
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Além dos 12 apucaranenses (nove homens e três mulheres), mais três dos clientes representados pelo advogado apucaranense são de Arapongas e dois de Faxinal (todos homens). Os demais são de Brasília e outras cidades do País. O grupo estava em frente ao Quartel-General (QG) do Exército Brasileiro e foi preso na segunda-feira (9).
Vilasboas, que tem escritório em Apucarana e Brasília, conta que os homens estão presos no Centro de Detenção Provisória 2, no Complexo da Papuda, e as mulheres na Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia. Antes, passaram por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). Segundo Vilasboas, o perfil dos apucaranenses é variado, desde trabalhadores com carteira assinada, aposentados até empresários.
“Os presos estão agora aguardando as audiências de custódia. A informação que recebemos é que a Justiça Federal irá realizar um mutirão para avaliar os casos individualmente a partir de hoje (quarta-feira) ainda”, explica. Caso os juízes não liberem os presos já na audiência de custódia, os processos serão encaminhados para análise individual do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é o responsável pelo inquérito. Ele, então, irá analisar os eventuais pedidos de liberdade.
O advogado mostra otimismo em conseguir a liberação dos apucaranenses e os demais clientes já na audiência de custódia.
“Nós entendemos que é preciso individualizar as condutas. Os apucaranenses e demais pessoas da região relataram que não tiveram participação nos atos de depredação. Eles disseram que foram com o pensamento de fazer uma manifestação pacífica e que não tiveram nada a ver com a destruição nos prédios do Congresso, do STF e Palácio do Planalto”
- Luiz Fernando Vilasboas, advogado
Caso a decisão não seja favorável nesse primeiro momento, ele afirma que a sua equipe já está preparando habeas corpus individuais para garantir a soltura e para que os seus clientes respondam às acusações em liberdade.
Apesar de mostrar otimismo na liberação dos apucaranenses, ele afirma que eles terão que, inevitavelmente, responder futuramente aos processos nas esferas cível e criminal.
O advogado assinada ainda que está conversando com os clientes e todos estão bem, aguardando pelas audiências, que devem ocorrer de forma virtual.
CLIMA DE APREENSÃO
Em Apucarana, o clima é de apreensão entre familiares. O advogado João Batista Cardoso disse que foi procurado por três parentes de pessoas presas. “Todos estão muito temerosos com o que pode acontecer e vieram pedir informações”, disse.
O advogado considera a situação dos presos delicada, principalmente se houver vídeos e fotos em redes sociais como provas da participação nos delitos. “Acredito que podem sofrer sanções gravíssimas nas esferas criminal e cível, com o pagamento de indenizações pela depredação de bens públicos”, avalia.
Segundo ele, os crimes citados são de formação de quadrilha, destruição de patrimônio público, incitação ao golpe do estado, lesões corporais, entre outros. “Somadas, as penas podem passar de 20 anos”, assinala o advogado, que não está representando nenhum apucaranense em Brasília.
Ele acrescenta que os financiadores das viagens e dos manifestantes também podem responder por esses crimes. “Se forem identificados, os patrocinadores serão processados com a mesa gravidade e o mesmo rigor”, completa.
Por Fernando Klein