O dia 13 de julho é marcado como o Dia Mundial do Rock. A data, que apesar de levar o nome de “mundial”, só é comemorada no Brasil, foi estabelecida na década de 1990. Apucarana (PR), ao longo de sua história, já foi palco de apresentações memoráveis de rock, tanto nacionais quanto internacionais.
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Grandes nomes do rock nacional, como saudoso Raul Seixas, o cantor Lobão, bandas como Charlie Brown Jr, Ultraje a Rigor e até mesmo ícones do rock internacional como o Nazareth, já se apresentaram em Apucarana nas últimas décadas.
Raul Seixas
No dia 13 de agosto de 1976, Raul Seixas se apresentou em Apucarana. O show lotou o ginásio de esportes do Clube 28 de Janeiro. Antes da apresentação, Raul preparou o set em uma sala do Clube 28, que era onde a banda Apollus Band ensaiava.
O músico Nelson de Paula lembra da ocasião e conta que a banda de Raul Seixas tocou com os instrumentos da Apollu's Band. “Ele usou nossa sala de ensaio, que era ali no Clube 28 e montou o show. Eles usaram o nosso equipamento”, conta.
A Apollu's Band, aliás, teve a oportunidade de assistir as apresentações que aconteceram naquela turnê no Paraná. “Ele estava começando a turnê por Apucarana e dali, seguimos para Campo Mourão, Maringá e Cascavel porque ele usou nosso equipamento nesses shows”, lembra.
O blog Tarati Taragua relata a passagem de Seixas por Apucarana com vários detalhes inusitados. “Apesar do frio e da chuva forte, conseguimos um bom público. A plateia era uma mistura de estudantes e pessoas comuns da cidade. A gente tinha ensaiado o set do Raul naquela tarde mesmo. Esse set incluiu Al Capone, SOS, Medo da Chuva, As Aventuras de Raul Seixas, Ouro de Tolo, 10.000 Anos Atrás, Rock do Diabo. Terminamos o set com Sociedade Alternativa, onde Raul fez um discurso improvisado”, diz.
Após o show, Raul Seixas teria se divertido com os amigos na cidade. “Depois do espetáculo fomos a um restaurante cheio de gente esperando por Raul. Fizemos algumas amizades e ninguém voltou para o hotel antes das 10 da manhã seguinte. Tinha sido o melhor dia”, relata o blogueiro Márcio de Aquino.
Lobão
O excêntrico Lobão tocou em Apucarana no ano de 1993. O show foi em praça pública, em frente à Catedral Nossa Senhora de Lourdes. Nessa época, Lobão estava em alta e recentemente havia feito um grande show no festival Rock in Rio. O jornalista Donizete Oliveira lembra que o público presente era formado por pessoas de diversos locais.
“Foi um grande show, a praça ficou lotada e veio, veio caravanas, veio gente de Arapongas, da região toda. Ele subiu no palco por volta das 23h, tocou até meia-noite-meia, mais ou menos. Havia basicamente a juventude da época, porque naquele período o Lobão estava fazendo um grande sucesso e o pessoal aproveitou um show de rock na praça”, lembra.
Lobão foi a pé do hotel até o palco onde se apresentou. “Ele foi do hotel até o palco perto do Bradesco, a pé. Lembro que foi um tumulto as pessoas querendo chegar perto dele e os seguranças o protegendo. No final, o Lobão tocou o Hino Nacional na guitarra”, conta.
O pós-show de Lobão foi com a imprensa no Clube 28 de Janeiro. “Após o show, teve um jantar no Restaurante do Cláudio, que ficava no 28, apenas com a imprensa e toda a banda do Lobão. Aí chegou um cara desses andantes, um paraguaio, com uma harpa e começou a fazer solo. E o Lobão, dando palinhas, e o cara tocando a harpa. Nem sei de onde saiu aquele cara. Saímos de lá umas 3 da manhã”, ressalta.
Nazareth
Apucarana foi palco de um clássico do rock internacional quando o Nazareth se apresentou no extinto Garagem Rock Bar, na sexta-feira, 9 de novembro de 2012. Cerca de 600 pessoas lotaram a casa de shows.
A banda, liderada pelo já falecido vocalista Dan McCaffert, apresentou os seus sucessos, incluindo o hit “Love Hurts” para o público.
O músico e empresário Marcelo Chiapina lembra da ocasião como um momento único, já que seu grupo, a Banda Retrovisor, de Apucarana, subiu ao palco após o Nazareth.
“O show do Nazareth foi incrível! Os caras ainda tinham gás, mesmo com a idade avançada. Não conseguimos falar com a banda porque já tínhamos que tocar logo em seguida. Casa lotada e público maravilhoso. Foi uma noite incrível de muito rock'n'roll”, lembra.
Tocar após o Nazareth, segundo Chiapina, foi uma grande realização para os apucaranenses. “A nossa missão de fechar o show do Nazareth não foi fácil. Mas, conseguimos fazer o nosso som e foi maravilhoso”, destaca.
Nasi (Ira!)
O músico Nasi Valadão, vocalista do Ira!, tocou em Apucarana em novembro de 2011. Na ocasião, Nasi, havia rompido com os parceiros do Ira! e viajava em carreira solo, também levou grande público à boate Voxx. A Banda Retrovisor também tocou nessa ocasião.
“O show do Nasi foi um show de muito rock! O cara é uma estrela mesmo. Sabe tudo de rock: comportamento rebelde, presença de palco, foi uma verdadeira aula de rock”, destaca Chiapina. Nasi também fez uma apresentação na Societtá em Apucarana.
Ultraje a Rigor
O Ultraje a Rigor tocou no ginásio de esportes do Complexo Esportivo Lagoão, em 1987. A banda também vivia um grande momento de sua carreira, com o rock nacional a pleno vapor no Brasil.
Em um grupo do Facebook, alguns internautas lembram da ocasião, inclusive relatam que teve gente que até burlou a portaria para assistir ao show sem pagar ingresso. “Eu pulei o muro de acesso ao Lagoão junto de uns amigos, e conseguimos sair dentro do ginásio para assistir ao show”, lembra um internauta.
“O show foi muito bom. Mas eu paguei pelo ingresso”, brinca outra pessoa.O então jovem Marcelo Chiappina também presenciou essa apresentação.
“Lembro que era algo diferente do que a gente tinha visto ao vivo. Porque era show de rock com guitarras bem na cara do público. Eu lembro que, pouco tempo depois, o guitarrista do Ultraje estava indo para os Estados Unidos”, diz.
Charlie Brown Jr
No sábado, 8 de setembro de 2012, o Charlie Brown Jr fez um show no Clube de Campo Água Azul que marcou a história da banda e que, inclusive, repercutiu em todo o Brasil. O motivo foi a desavença entre o vocalista Chorão e o baixista Champignon, o que fez com que Chorão acabasse expondo uma briga com Champignon para todo o público presente.
“Já era madrugada do dia 9 de setembro de 2012 quando Chorāo humilhou Champignon no palco do Clube de Campo Água Azul. O vocalista começou dizendo que o baixista deveria ‘ficar muito grato’ por ter sido aceito de volta à banda, e que tirou o seu microfone para que não falasse ‘um monte de mentira’. E o acusou de ter voltado apenas por dinheiro. Após quatro minutos de esculacho, Champ saiu do palco e a banda fez o resto do show sem baixista”.
Esse relato está presente no livro “Champ - a incrível história do baixista Champignon do Charlie Brown Jr", lançado em 2022 por Pedro de Luna e que traz a biografia do músico Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, o Champignon.
Os fãs que estavam no show não entenderam muito bem de início, mas logo viram que a situação era bem séria. A apucaranense Daniela Azevedo lembra muito bem desse dia.
“A princípio, parecia brincadeira, que era alguma encenação do Chorão no show, mas depois vimos que era sério, porque o clima no palco foi ficando muito tenso”, lembra.
O apucaranense André Granzioli Izidoro conheceu um pouco dos bastidores dessa história. Pois, de forma inesperada, foi ele quem deu uma carona para o baixista até a Rodoviária de Apucarana.
Ele estava indo embora do show, quando um homem lhe pede uma carona. “Na hora eu perguntei ‘cara, você não é o Champignon?’ Ele respondeu que sim e me pediu uma carona para Santos. No entanto, eu falei que até lá eu não conseguia, mas podia levá-lo até a rodoviária. Ele aceitou e entrou no carro”, pontua.
Durante o trajeto, segundo Izidoro, o músico lamentava bastante. “Ele foi, durante todo o trajeto, reclamando do Chorão e daquela desavença entre os dois. Ao chegarmos na rodoviária, o Champignon agradeceu a carona e ainda se ofereceu para tirarmos uma foto juntos”, lembra.
Por Louan Brasileiro