A sindicância instaurada pela Autarquia Municipal de Saúde (AMS) de Apucarana para apurar a participação da falsa enfermeira Silvânia Regina Ribeiro Del Conte como voluntária durante a vacinação contra a Covid-19 na cidade foi encerrada no último dia 15 de julho. O documento foi entregue ao presidente da AMS Roberto Kaneta, que tem um prazo de 20 dias para emitir uma decisão final.
De acordo com o presidente da Comissão Sindicante Investigativa Amós Leandro Antunes, os trabalhos foram iniciados no dia 14 de maio, e prorrogados em junho. Durante os 60 dias, 28 pessoas foram ouvidas ao todo, entre servidores municipais, ex-servidores e representantes de uma casa de repouso citada no caso.
De acordo com o procurador jurídico da Autarquia Terence Penharbel, toda a investigação ocorreu sem nenhuma obstrução. “Acompanhamos todo o procedimento investigativo, que correu sem problemas no andamento. O relatório entregue será analisado pelo presidente da AMS Roberto Kaneta, que em 20 dias deverá emitir uma decisão, que pode incluir sanções como suspensão ou abertura de processos administrativos em desfavor de servidores que ele possa concluir como culpados”, explicou o procurador.
A falsa enfermeira Silvania foi presa no dia 15 de maio, em flagrante, com ampolas de vacinas contra covid-19. No dia 17 de maio, ela teve a prisão preventiva decretada. Ela é investigada por ter desviado o material de rede pública de saúde para vender as doses a pessoas que não fazem parte do público alvo da campanha. Silvania trabalhou como voluntária no serviço de vacinação contra a Covid-19 no Complexo Esportivo Lagoão, em Apucarana, se apresentando como técnica de enfermagem. Na casa dela, foram apreendidos também carteirinhas de vacinação, celulares e seringas.
A defesa de Silvania chegou a fazer um pedido de revogação da prisão preventiva, que foi negado no dia 1º de junho por decisão do Juíz Oswaldo Soares Neto, titular da 1ª Vara Criminal de Apucarana. Ela permanece presa no minipresidio municipal.
Processo criminal em andamento
O Ministério Público do Paraná denunciou, no dia 1º de junho, 17 pessoas investigadas por possível envolvimento em casos de “fura-fila” da vacinação contra a Covid-19 em Apucarana. De acordo com a denúncia, oferecida pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca, a falsa enfermeira, admitida para trabalhar como voluntária pelo coordenador da Vigilância Epidemiológica do município, exerceu ilegalmente a profissão de técnica de enfermagem e teria aplicado a vacina, entre 16 de abril e 11 de maio, em pelo menos 12 pessoas que não preenchiam os requisitos dos grupos prioritários.
Além disso, investigações apontaram que o coordenador responsável por sua admissão, o servidor Luciano Pereira, também teria aplicado a vacina, no início deste ano, no filho – não integrante de nenhum grupo prioritário – de outro servidor, por ocasião da imunização em uma casa de repouso de idosos do município. Todos os envolvidos (três deles, servidores públicos) foram denunciados, inclusive a proprietária da casa de repouso onde ocorreu a vacinação indevida, uma vez que ela teria conhecimento da conduta ilícita.