Uma mulher está à frente da UTI Covid-19, uma não, várias. Mas a médica apucaranense Camila Fernanda de Carvalho Bizarra, de 34 anos é quem coordena toda equipe do setor, no Hospital da Providência.
Casada, mãe de um filho de um ano e dois meses e ainda todos os dias, de domingo a domingo, ela está lá, na UTI, fazendo visitas, vendo os pacientes e confortando familiares. Uma mulher que enfrenta umas das experiências mais difíceis da vida dela. “Desde que formou a UTI Covid-19 estou na coordenação. É uma luta diária, a experiência mais difícil da minha vida. Pacientes graves, cada um com uma história de vida, vivenciando com as famílias, muitas com desfeito triste, pesado, difícil. Mas tento levar com muita garra, muita força, para salvar o máximo de pessoas”, disse Camila.
A médica ressalta importância de toda a equipe, a maioria são mulheres enfermeiras, técnicas que formam uma grande família. “Uma apoia a outra, a parte emocional das mulheres pesa mais, nossa UTI basicamente é formada por mulheres. Quando a gente perde alguém, todas nós sentimos. O trabalho de humanização da UTI fica melhor, vê o carinho que elas tratam os pacientes e familiares, todas trabalham muito nesse sentido”, detalha.
Camila se formou em 2012 em Curitiba e trabalha há sete anos na área da UTI. Conciliar a vida corrida não é tão fácil. “Se não fosse meu marido, minha mãe, ia ser tudo mais difícil. Maternidade, trabalho, se virar em duas três para conseguir. Mas tenho orgulho, quando meu filho crescer, ele vai ver o meu trabalho, que ajudei pessoas a sobreviver, ele vai ter orgulho, mesmo privando a minha presença na vida dele. As quando estou em casa, fico o máximo possível com ele”.
É claro que a médica que trabalha na linha de frente, fica com medo de levar a doença pra casa. “Desde o começo me preocupa muito, a gente se protege muito aqui dentro do setor, medo de levar pra casa sempre vai existir, mas preciso enfrentar pois pessoas precisam de mim”, destaca a médica.
Camila acreditou em seu sonhos e é feliz sendo mulher, médica e ainda mais por salvar vidas. “Independendo do sexo, tem que ir atrás do que sonha, do que acredita, não existe mais essa limitação, na área da medicina principalmente, sempre fui respeita, trabalho igualmente. Hoje a mulher tem que se posicionar, lutar por aqui que quer, ”finaliza.