Se no meu último texto falei sobre o momento certo para pegar a estrada, hoje decidi falar sobre o tempo da viagem. Se nossa vida nada mais é do que uma viagem, por uma estrada que começa com o nascimento e termina quando a luz – dos olhos – se apaga, quanto tempo dura tudo isso?
Albert Einstein disse há quase 120 anos que o tempo é relativo, ao apresentar ao mundo sua teoria da relatividade. Nela, Einstein explicava que quanto mais rápido um corpo se mova no espaço, mais devagar o tempo passa para ele, ou seja, um tripulante de uma viagem na velocidade da luz envelheceria muito menos do que alguém que tenha ficado na Terra pelo mesmo período. Eu resumi o filme o “Interestelar” – mas ainda vale a pena assistir.
Um minuto para quem está em uma aula chata é muito diferente do que aquela legal que parece passar “rápido demais”. Um minuto de atraso para o ENEM é o fim, mas um minuto a mais no telefone com quem se ama é um presente. O homem inventou a noção de tempo para dar sentido a própria existência, um começo, um meio e um fim. Entretanto, se não escolher bem, esse mesmo tempo o faz se perder no caminho.
Li, certa vez, que na hora da morte, as pessoas pedem mais tempo, não mais dinheiro ou qualquer outro bem. Se tempo é o tesouro mais importante, por que o gastamos tanto com coisas que no fim não valem a pena? Mais um ano começa e abruptamente começamos o velho ciclo de coisas que deveriam ser novas, mas são sempre mais do mesmo. O mundo nunca vai mudar se você não mudar. E saiba, quando você mudar o mundo continuara sendo o mesmo, mas não para você.
Eu tenho 14 verões com meus filhos sendo crianças. Apenas 14. Depois disso, serão adolescentes que muitas vezes escolherão formas de ficar distantes para encontrar o próprio sentido da vida. Eu sei por que eu fiz isso, assim como você, caro leitor e leitora. E aí vem a questão principal, soubemos voltar para os nossos pais quando a hora chegou? Será que nossos filhos voltarão para nós no momento certo? Lembrem que eles agem mais pelo exemplo do que pelo discurso.
Sou abençoado demais por ter meus pais por perto, menos do que eu poderia me esforçar para ter, mas ainda assim, sempre por perto. Lembra que o tempo é relativo? Hoje podem aparecer milhões de empecilhos para que eu esteja com meus filhos ou meus pais, mas chegará um dia que eu trocaria qualquer coisa, por apenas mais uns minutos. É impossível controlar os acontecimentos, mas sua inevitabilidade é a resposta que deveria dar sentido a cada pequena escolha de nossos dias.
Passado, presente e futuro são apenas abstrações, já que a percepção do tempo é como um motorista, que em relação ao carro está sempre parado, mas olha para a estrada a frente que ainda vira e em um piscar de olhos vai para o retrovisor. E como eu já disse mais de uma vez, é quem divide o carro que importa. Como tem usado o seu tempo?