Esse texto além de apresentar um período específico da minha vida, apresenta também uma perspectiva de que tudo o que aconteceu comigo, de tudo o que aconteceu em minha vida, aconteceu no tempo certo e na hora certa. Lógico que com a visão que tenho hoje, compreendo esse pensamento com muita calma e paz no coração.
Ao nascer tive um contratempo com a formação dos meus membros inferiores. O meu osso do quadril não realizava o encaixe correto com os ossos do fêmur. Desde muito cedo tive que fazer fisioterapia e balé para correção postural. Confesso que com muita dificuldade e um pouco de mau humor, acordava todos os dias, ou para as terapias ou para o balé, convencida pelo meus pais que era para o meu bem. E depois de alguns anos já não havia nenhum risco de ocorrer o desencaixe novamente.
E não é que, com tanto tempo de prática no balé, acabei me apaixonando por essa arte, transformando a árdua terapia (que era no meu caso) em hobby que passou a ser a minha primeira profissão. Mais de 20 anos envolvida no mundo dança, e cada vez mais aprofundando meus conhecimentos na área, desde cursos práticos à minha graduação. Vivendo momentos incrível ao lado de pessoas incríveis, construindo vínculo emocional com cada detalhe dessa história, me entregado e vivendo intensamente essa arte.
Nesse meio tempo outras histórias se cruzaram com a minha. Uma delas foi a do Guilherme Bomba, essa pessoa de extrema importância em minha vida, não apenas como meu grande amor, mas também como incentivador da minha arte, do meu talento, das minhas maluquices, dos meus planos mirabolantes. Ele foi tão importante no meu “eu” de hoje, que em momentos de conversa que tínhamos ao longo nossos encontros românticos, percebi que a parte que mais me intrigava, depois de anos trabalhando com dança, não era mais as técnicas, nem a história dessa arte, nem ao menos as alterações que a modernidade a trazia, mas sim o processo emocional que acontecia com os indivíduos que dançavam.
Sim, é isso mesmo. Depois de mais de 20 anos na dança, eu senti que o meu propósito de vida era muito além do que a técnica e o conhecimento específico que a dança proporcionava. Era sobre aquele indivíduo que estava envolvido de alguma maneira com essa arte em questão. O seu desenvolvimento, ou podemos dizer, o seu rendimento, pois a dança em que trabalhava era uma atividade de alta performance. O indivíduo que estava em um nível quase profissional, quando havia alterações emocionais no âmbito de emoções não saudáveis, ele não alcançava a mesma performance em um dia em que estava bem emocionalmente.
E assim comecei uma nova jornada de transição profissional, mas que entendo hoje sendo um aprofundamento de tudo o que vivi desde o meu nascimento. Tudo tinha um porque, tudo tinha a sua hora, tudo estava esperando o momento certo, na hora certa, o processo de transformação do meu amadurecimento e assim me sinto realizada todos os dias, sentindo que estou vivendo o meu propósito de vida.
Por fim apresento a origem do título desse artigo; este que vem da Blíbia em Eclesiaste 3:1, que nos apresenta assim “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.”. A ideia sobre o tema do texto, em nenhum momento, foi trazer um olhar religioso. Muitas vezes não sabemos esperar, queremos que os fatos aconteçam antes do tempo, no nosso tempo. É como colher a fruta antes de estar madura ,com certeza estará azeda, e assim não tiramos proveito de todos os benefícios que poderíamos ter.