“Liberdade de expressão não é liberdade de propagação de discursos de ódio e preconceituosos”. Eis a fala de Alexandre de Moraes, o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em seu discurso de posse no dia 16 de Agosto, reunindo autoridades políticas brasileiras como o atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, e os ex presidentes(a), Dilma Roussef, Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer.
A partir de diversas postagens que a autora desse blog observou nessa semana, fez-se necessário esse texto.
A segunda década dos anos 2000 foi um período caracterizado pela ascensão do autoritarismo no Brasil e no mundo que permitiu aos cidadãos brasileiros simpatizarem, sorrateiramente e progressivamente, com discursos que exaltavam os “tempos de paz” da ditadura brasileira, bem como uma crítica à redução da desigualdade uma vez que os programas sociais e os “pobres” tornaram-se ameaças constante a classe média recém empossada.
Que a história do Brasil foi marcada pela dominação de elites políticas, intelectuais e financeiras, era de conhecimento público, no entanto o que choca aos olhos dos historiadores mais cuidadosos é a forma como uma parte da classe média baixa brasileira, que usufruiu de todas as benesses dos governos democráticos que marcaram os anos de 1990 e 2000, contraindo empréstimos e financiamentos, comprando imóveis, saindo do aluguel, abrindo empresas com incentivo governamental e frequentando universidades tradicionalmente elitistas, hoje sentem-se parte de uma elite que as detesta e sente pavor de conviver com elas. São os “novos ricos pobres” que sentem horror ao passado sofrido e ostentam uma vida de luxo parcelada em 12 vezes no cartão.
Até aí tudo bem, afinal eu me incluo nesse grupo que usufruiu de tais benefícios e contrai parcelas no cartão de crédito. Mas, o que não consigo compreender, agora como historiadora, é como uma parcela da população se sente tranquila ao eliminar toda possibilidade de ascensão social e redução da desigualdade sendo um exemplo eficaz de projetos dessa natureza. E mais, tem horror às pessoas mais necessitadas e as invisibiliza o quanto for possível por meio de discursos meritocráticos.
Para piorar ainda mais a situação, são essas mesmas pessoas que disseminam discursos de ódio contra os movimentos de luta por direitos sociais, das mulheres, combate à homofobia, eliminação do racismo e afins. Só consigo pensar em que momento elas compreenderão que em governos de elite excludente e autoritária não há espaço para classe média empobrecida, que é o que esta se encaminha para ser. Só ladeira abaixo...