Se houve motivo para alegrar o coração depois do anúncio feito pelo governador Ratinho Jr e o secretário de educação do Paraná Renato Feder, na segunda-feira, dia 06, foi saber que após anos de luta em busca do reconhecimento e equidade dos profissionais de educação que atuam como temporários, os professores em regime de PSS (processo seletivo simplificado) terão o salário mais próximo dos pertencentes ao quadro próprio do magistério, possibilitando uma aproximação salarial, uma vez que o trabalho ao qual somos submetidos é o mesmo.
No entanto, o discurso feito foi marcado por ataques infundados a um dos maiores sindicatos do Brasil, a APP, que, atualmente, possui 60 mil filiados e são substancialmente a representação real das solicitações dos professores, pois, mesmo entre os que não estão filiados, a concordância com as decisões do mesmo chegam próximo à unanimidade se considerarmos as demandas solicitadas ao governo.
Os sindicatos no Brasil têm história, fundamentada e regimentada pela Constituição de 1988, consistindo em um instrumento de cidadania e canal direto de diálogo dos servidores com o governo. No discurso, o governo atacou sindicatos, empenhando-se em dividir a classe e ainda promover um debate desnecessário dentro e fora das escolas.
Infelizmente, a fala das autoridades estava carregada de intencionalidade ao buscar promover uma manipulação da sociedade sobre o reajuste, não explicando de fato a morosidade em que se deu o avanço, faltando detalhamento do projeto, deixando de apresentar as tabelas de vencimento e qualquer demonstração de quais serão os impactos sobre os níveis e as classes.
O reajuste representa 48,7% no início da carreira e cerca de 10% no final, o que achata a tabela e acaba por sugerir a transformação real do piso em teto, o que produz um contexto ainda mais acentuado de desestímulo na carreira docente em níveis de graduação, especialização e pós-graduação. Para os aposentados, a questão ficou ainda mais preocupante, uma vez que os mesmos, são desconsiderados por não estarem “ativos”.
Consultado pelo blog, o coletivo da APP sindicato de Apucarana, nos explicou que: “O novo FUNDEB foi aprovado no ano passado e tem validade de 2021 a 2026. Ele trabalha com a proposta de 70% de investimentos para a folha de pagamento, o que somado as precatórias do antigo FUNDEF, pressionou governadores e prefeitos a injetarem dinheiro público em prefeituras e estados, permitindo uma melhora de salários dos professores e do plano de carreira. Os mesmos estão, agora, desenvolvendo propostas de investimento desse dinheiro. No caso do Estado do paraná, tudo indica que para PSS haverá 30% de aumento chegando à 10,1% no final da carreira”.
O coletivo ressalta que os recursos para esse aumento são do FUNDEB e que: “A fala do governador anuncia um reajuste salarial que varia dependendo da carreira e estágio que o docente se encontra. No entanto, outras situações destacadas no projeto enviado à Assembleia preocupam a classe, uma vez que o combustível e gratificações não serão pagos nas férias e o adicional noturno sofrerá modificações. Essa proposta vai para a Assembleia e os deputados vão discutir. A APP defende que o mesmo reajuste seja dado do início ao fim para poder ter um ganho real da carreira e não abrindo a possibilidade de achatamento da mesma”.
Infelizmente estamos todos submetidos à alguns líderes que desconsideram as lideranças sindicais e são guiados por seus egos inflados e animosidades próprias daqueles que não compreendem o significado da palavra SERVIÇO. Pensam que estarão a morrer no cargo o que só demonstra o quanto nós ainda temos uma democracia fragilizada e carente de princípios éticos.
Em meio a comemoração e críticas, a categoria deliberou pela paralisação e vigília de três dias, início do dia 13 segunda-feira à 15 quarta-feira, no centro cívico, durante a votação da data base da PLC 12. Em momento que deveríamos comemorar uma vitória da CATEGORIA, do FUNDEB, dos SINDICATOS e lideranças, que deram sua vida pela educação paranaense, estamos em alerta.
Que nossos deputados se lembrem que nossa educação é referência porque temos docentes que TRABALHAM, lutam, tem garra e contamos com o maior sindicato do Brasil. Ressaltamos que nossas lideranças sabem o significado e a força das políticas públicas quando efetivas. A implantação do FUNDEB é um exemplo.
Não podemos esquecer que: “Democracia plena prevê equidade, inclusão, igualdade... não prevê um regime de castas dentro da própria categoria. Se vencemos, vencemos todos! Porém, se existe um regime de desigualdade entre os docentes é porque os governantes paranaenses, permitiram tal situação, uma vez que o salário dos servidores se encontra sem a necessária reposição da inflação, desde 2014”.
Esse resgate salarial demonstra não a boa vontade de uns, mas a luta coletiva e invisibilizada do todo pela aprovação do NOVO FUNDEB.
Mesmo em detrimento dos ataques e das histórias distorcidas uma coisa é certa: os investimentos de recursos são a possibilidade de uma visibilidade nova para uma profissão tão atacada, sem reconhecimento da sociedade, que deveria permitir que as novas gerações se interessem a conosco fazer História nas salas de aula...
Afinal querido leitor, se não fosse um professor, você estaria aqui lendo esse artigo?