Parque da Raposa, um refúgio da biodiversidade

Autor: Da Redação,
domingo, 29/01/2023
Inaugurado em 23 de dezembro de 1989

Unidade permanente de conservação ambiental, o Parque Ecológico da Raposa é o principal refúgio da biodiversidade em Apucarana. Com área total de 101 alqueires, incluindo uma reserva florestal de 44,53 alqueires, o local é reduto de dezenas de espécies de animais, muitas consideradas ameaçadas de extinção, e também de árvores e outros tipos de vegetação remanescentes da Mata Atlântica. 

Inaugurado em 23 de dezembro de 1989, o Parque Ecológico da Raposa tem algumas peculiaridades. Embora reconhecido pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) como área permanente de conservação ambiental, é também um ponto turístico e de lazer. Localizado a cerca de 10 km do centro da cidade, o local fica aberto diariamente à visitação e tem grande movimentação de pessoas, especialmente aos finais de semana.

O último levantamento de manejo realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente mostra que o Parque da Raposa tem pelo menos 150 espécies de animais – incluindo doze diferentes de peixes nas duas represas existentes na área - e 102 espécies de plantas arbóreas e arbustivas.  Alguns animais avistados recentemente são ameaçados de extinção.

O biólogo apucaranense Fernando Felippe Rodrigues já catalogou e fotografou inúmeras aves e outras espécies no local. Além dos macacos-prego, que são avistados quase que diariamente na mata pelos moradores, ele cita também a presença de raposas (que dão nome ao parque), quatis, capivaras e até onças-pardas, além de inúmeras aves, muitas de difícil visualização.  

Um dos destaques é o Surucua-variado. “Muitas pessoas passam no Parque da Raposa e escutam o canto do Surucua-variado, mas não conseguem enxergá-lo”, comenta o biólogo. 

Outra atração do Parque da Raposa é a coruja-orelhuda (Asio clamator). “Pelos trabalhos de monitoramento que a gente faz na região, a presença dessa coruja é rara, mas já consegui encontrá-la no Parque da Raposa”, afirma o biólogo, que fez o registro fotográfico de dezenas de aves. Outros destaques são o falcão-relógio e o saci.

Fernando Felippe Rodrigues assinala que a localização próxima do parque da área urbana exige uma maior atenção de todos na preservação. “Há muitos casos de animais atropelados e também de despejo irregular de lixo na mata. O Parque da Raposa é uma área de proteção ambiental, com proibição de pesca, caça e que precisa de normas mais rigorosas de preservação e também ser protegida pela própria população. Os motoristas precisam andar devagar naquela região e também a população não pode jamais jogar lixo”, comenta.

Além da fauna, a flora também é considerada rica no Parque da Raposa, com muitas plantas exóticas. Os principais destaques são a Grevílea, Taquara, Uva do Japão e Limão Cravo e também espécies nativas, com destaque para a peroba rosa, paineira, araucária, gurucaia, pau-d´alho, maricá, canafístula, guaritá, sobrasil, angico e algodoeiro.   

ÁREA DE LAZER

Com dois lagos represados, que somam 11,25 alqueires de área inundada, o Parque da Raposa é aberto à visitação. Desde sua criação, o local é um tradicional ponto de lazer em Apucarana. Por muitos anos, especialmente nos anos 1990 e 2000, chegou a receber até provas de motocross e fuscacross, reunindo milhares de pessoas aos finais de semana. No entanto, essas atividades esportivas foram proibidas após a transformação da área em unidade de conservação ambiental.

Mesmo assim, o parque mantém uma estrutura para atender os visitantes, o que inclui uma cascata artificial; uma piscina natural; quiosques; deck sobre o lago e um parque infantil. Recentemente, o local recebeu obras de revitalização e há um projeto em estudo para disciplinar a venda de produtos alimentícios e bebidas no local.

Preservação ambiental gera recursos do ICMS Ecológico

O ICMS Ecológico foi criado no Paraná em 1991 pelo governo estadual como forma de compensar com recursos tributários os municípios que possuem unidades de conservação e ou mananciais que abasteçam cidades vizinhas, conforme os critérios estabelecidos legalmente, estimulando o incremento da área protegida e a melhora na gestão do patrimônio natural.

O valor recebido depende do comprometimento com a preservação das suas unidades de conservação e mananciais. O Parque Ecológico da Raposa e a Colônia Mineira são as duas áreas de conservação ambiental cadastradas de Apucarana junto ao Instituto Água e Terra (IAT).

Em 2022, o município recebeu R$ 821.238,62 proveniente do ICMS Ecológico. A maior fatia da verba veio do trabalho realizado no Parque da Raposa: R$ 423.669,63. Os R$ 397.568,99 restantes são referentes à Colônia Mineira.

Município já promoveu o plantio de 25 mil mudas de árvores no local

O secretário do Meio Ambiente de Apucarana, Gentil Pereira, afirma que o Parque da Raposa é uma área remanescente de floresta nativa de suma importância para o bioma do município. “É uma área de preservação cadastrada no Estado que recebe um incentivo financeiro para sua manutenção. Sendo uma Unidade de Conservação, deve ser preservada, podendo ser utilizada para pesquisa, visitação turística e lazer, de forma sustentável”, assinala.

Para contribuir com a preservação do parque, afirma o secretário, o município está adquirindo novas áreas particulares e reflorestando com espécies nativas as áreas degradadas da área ambiental. “Como é um parque aberto à visitação, são feitos monitoramentos por técnicos da secretaria, sendo proibida a caça, pesca e exploração florestal. A Prefeitura realiza a manutenção do Parque, com roçagem, coleta de lixo e placas de orientação. Atualmente, está sendo feito um estudo técnico de como será ajustada a comercialização de produtos dentro do parque”, antecipa, sem dar muitos detalhes de como irá funcionar a exploração comercial na área.

Gentil também cita que a Prefeitura tem realizado trabalhos de plantio de árvores nativas. Para isso, fechou parcerias com empresas privadas e outros órgãos públicos, como a Rodonorte, Viapar e 30° BIMec. “O trabalho resultou no reflorestamento de sete áreas, totalizando 25 mil mudas plantadas”, completa.

 Por, Fernando Klein