O ex-prefeito de Apucarana e secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, assume a cadeira de deputado federal no próximo dia 01 de fevereiro na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ele foi o candidato do PSD mais votado do país e o 40º com maior votação entre todos os 513 novos parlamentares escolhidos nos 26 estados e o Distrito Federal. O apucaranense foi o quarto deputado mais votado do Paraná. Com a vitória de Beto Preto, Apucarana volta a contar com um deputado federal após mais de 30 anos sem representação em Brasília.
Em virtude da comemoração dos 79 anos de Apucarana, Beto Preto falou à Tribuna sobre sua relação com a cidade, sua representatividade junto ao governo do Paraná e agora em Brasília, seus projetos para Apucarana e o Vale do Ivaí.
TN - Apucarana completa 79 anos neste dia 28 de janeiro. O senhor é neto e filho de pioneiros, que participaram da construção dessa cidade. Como o senhor vê o crescimento e desenvolvimento de Apucarana, até aqui?
BP - Uma satisfação muito grande para mim ter passado toda minha vida na cidade, ter feito minha carreira médica aí, formar minha família. Meus pais fizeram a sua vida em Apucarana, meu avô Fariz Gebrim tinha a loja “o barulho” de Apucarana, meu avô, César Preto, trabalhava com café, meu pai, Pedro Preto do Ferra Mula, minha mãe, a professora Maria Tereza Gebrim Preto, e agora com a minha família, a Adriana, a Cecília e o Pedro, nós continuamos firmes, pisando no mesmo chão que foi o chão que deu a condição da gente se estabelecer, e de formar a nossa vida. O fato de ter sido prefeito é uma honra, porque as pessoas confiam no nosso nome. Quando passei pela prefeitura, uma das nossas grandes lutas foi sempre construir uma educação da melhor qualidade para as nossas crianças de Apucarana e hoje, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) sendo o maior do Paraná, é um orgulho. E um orgulho maior ainda é saber que a gente de algum modo, começou a contribuir como prefeito, como gestor da cidade, para ter uma geração de apucaranenses vitoriosos no futuro.
TN - Como ex-prefeito de Apucarana, como o senhor avalia a situação socioeconômica do município desde quando assumiu a prefeitura em 2013 e como está hoje?
BP - Apucarana é a cidade mais endividada do norte do Paraná ao longo do tempo. Temos uma dívida astronômica que não foi paga até agora porque está sustentada na justiça, que é a questão do Banco Santos/Banco Itamaraty. Gestores que me antecederam, e aqui não faço uma crítica, mas sim, uma constatação, acabaram fazendo muitas dívidas. Em seis anos de mandato, durante o período em que fui prefeito, paguei quase R$ 100 milhões em dívidas, e ainda assim, as dívidas continuavam. E existe mais de meio bilhão em dívidas, pendurada no Banco Central, em uma discussão na Justiça Federal em Brasília, a respeito das antecipações de receitas orçamentárias dos anos de 94 e 95. Mas veja, quando a gente enfrenta, a gente enfrenta para vencer, e nós vencemos pagando dívidas e realizando importantes obras, fazendo funcionar a educação, recuperando as praças esportivas, os parques, construindo asfalto em toda a cidade, mudando a cara de Apucarana. Agora é claro, dinheiro também não aceita extravagância, não aceita equívoco, por isso também, eu sempre prego a austeridade. Temos muitas obras estruturantes que ainda não saíram do papel, e que precisam ser colocadas em prática. Então, sempre a tratativa de economizar é um bom caminho a ser seguido e todo mundo sabe da maneira dura que eu fazia isso quando era prefeito da cidade.
TN - No campo político, o senhor acha que Apucarana tem hoje mais força junto ao governo do Estado? Por quais motivos?
BP - Sem dúvidas. Pelo fato de o governador Ratinho Júnior ser um amigo desde que ele começou a sua carreira política. Quando ele se lançou candidato em 2014, depois de ter sido secretário de Desenvolvimento Urbano do Paraná, eu fiz questão de acompanhar todos os passos na área da Saúde e montar o Plano de Saúde em 2018, o que naturalmente depois, fez com que ele me convidasse para ser o seu secretário. Eu quero dizer isso com muito respeito, poderia ser qualquer um, mas o governador do estado sinalizou que ele queria um prefeito, um homem do interior, que já tinha experiência de ter sido diretor de hospital, secretário municipal de Saúde, diretor no Ministério da Saúde, para poder tocar a Saúde pública do Paraná, e junto com isso, veio a pandemia, então, nós estreitamos ainda mais a nossa relação. Na última eleição, fiquei em 4º lugar no Paraná, com mais de 200 mil votos. E não é aqui querer cantar vitória, nada disso. Política se faz todo dia, cumprimentando as pessoas na rua, saindo para fazer a sua compra da semana no supermercado perto da sua casa. Eu sempre fiz isso e sempre ouvi a voz das ruas, e por isso que aprendi a fazer política, aonde eu vou. Eu tenho andado o Paraná todo, já visitei pessoalmente mais de 230 municípios, estou no meio de uma grande volta pelo Paraná que o governador pediu que eu fizesse agora, lançando recursos. Onde eu vou, faço questão de sair para cumprimentar as pessoas, olhar no olho, para entender o que está acontecendo. E graças a Deus, isso fortalece nossa posição política no estado do Paraná.
TN - O senhor foi eleito deputado federal por Apucarana com uma das maiores votações do Paraná, mas ao mesmo tempo continua como secretário estadual da Saúde. A partir de fevereiro, o senhor vai assumir a condição de deputado federal eleito ou vai continuar como secretário de Saúde?
BP - Vou assumir a cadeira de deputado federal no dia 01 de fevereiro. Faço questão inclusive de convidar a todos que queiram estar acompanhando pelas mídias sociais da própria Câmara dos Deputados. Já temos o nosso gabinete, o gabinete de Apucarana lá no anexo 04, sexto andar, número 635. Agora, o governador Ratinho Junior realmente me convidou para ficar. Então eu vou primeiro a Brasília, vou cumprir inicialmente tudo aquilo que ele me pediu, e vou estar junto com o governador também, pelo futuro do Paraná. Se tiver que ficar em Brasília eu fico, se tiver que ficar em Curitiba, estarei à disposição dele. É importante dizer que nós vamos trabalhar muito mais ainda do que nós já trabalhamos até agora e vamos trabalhar com muita fé no futuro. Tem muita coisa boa por vir e a gente está pronto para ajudar.
TN - Como deputado federal eleito por Apucarana, conforme foi o desejo da população, que propostas o senhor tem para o município?
BP - São as propostas mais diversas. Eu tenho um compromisso de ajudar o prefeito Junior da Femac a terminar obras que estão paradas do PAC da Infância, que se iniciaram quando eu era prefeito. São 03 ou 04 creches além de escolas que se iniciaram e equivocadamente, ao longo dos últimos anos, não tiveram o suprimento de recurso necessário por parte do governo federal. Temos também um compromisso com as obras estruturantes da região, de continuar investindo em saneamento básico, faltam apenas 18% para a nossa cidade bater 100% a cobertura, e uma cidade com 100% de esgoto, é uma cidade que avança em todos os indicadores. Quero falar de Apucarana lá em Brasília, quero falar o que nós fizemos na educação, falar do governador Ratinho Junior, e principalmente, defender a Saúde do Paraná e o nosso SUS. Vou representar Apucarana nos aspectos econômicos, vamos lutar para diminuir a tributação dos medicamentos, e principalmente, olhar essa questão do desenvolvimento regional de Apucarana, do eixo Londrina-Maringá e também do nosso querido Vale do Ivaí, pois nós precisamos de mais investimentos.
TN - O senhor foi eleito no grupo do governador Ratinho Junior, que por sua vez, apoiou a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Como vai ser a sua atuação na Câmara Federal em relação ao governo do presidente Lula?
BP - Nosso grupo (político) é o grupo do governador e eu não sou 100% Ratinho Júnior, eu sou 200%. Eu provavelmente sou o secretário, fora o secretário da Casa Civil que era o Guto Silva e que hoje é o João Carlos Ortega, que mais esteve com o governador nesses 04 anos. Eu sou leal ao governador e agora em Brasília, é importante fazer o que o próprio governador tem falado: a eleição acabou, nós vamos trabalhar e vamos trabalhar com quem está no poder, o presidente Lula. O nosso partido, o PSD tem ministros no governo, vamos cobrá-los, inclusive, por diversos programas para o Paraná, mas nem por isso, vamos deixar de ser críticos. Nós precisamos pacificar esse país, precisamos juntar esforços. Nós precisamos continuar trabalhando, porque se não trabalharmos, amanhã teremos dificuldades. Então o país precisa crescer, precisa pacificar esse ambiente político e olhar para frente, insistir em um grande esforço de todos nós para construir um Paraná, um Brasil melhor, todos os dias.
Por, Aline Andrade