Marcelo Carvalho, um dos sobreviventes do naufrágio de uma embarcação no Rio Ivaí, no interior do Paraná, gravou um depoimento, contou detalhes de como o barco virou e como ele, a esposa e o filho de três anos sobreviveram.
Conforme o relato de Marcelo, todos participavam de um almoço em uma chácara quando resolveram fazer um passeio de barco para conhecer uma piscina natural que existe no Rio, porém, se aproximaram do Salto Takaki e o desespero tomou conta. "As crianças queriam andar de barco, meu filho, minha esposa, meu primo com os filho, o dono do barco a esposa e filha entramos no barco, estávamos devagar no rio, só que chegando perto do salto, a mulher do dono do barco ficou desesperada, falou que o barco ia descer, o dono do barco falou que poderia ficar tranquilo que não ia virar. A mulher dele pulou para segurar o barco, ele largou o motor e pulou para segurar o barco e eu pulei também e ficamos segurando o barco para não descer. A mulher dele gritou que tinha que ficar alguém no motor, eu voltei para o barco, mas o motor não estava mais ligado, tentei acelerar mas não ligou, eles não tiveram força para segurar o barco e ele desceu na queda, bateu de bico e já virou com todos dentro, quando virou não vimos mais nada", conta.
Marcelo ainda disse que após a embarcação virar, ele conseguiu ver a esposa com o filho no pescoço dela, e lutaram para não se afogar. "Nós ficamos no rio se afogando por uns 700 metros, ela se afundando, eu me afundando, até que Deus colocou o barco virado em nosso caminho, a gente já tinha desistido, mas o barco apareceu virado, nós seguramos por uns 40 minutos com o barco virado, na esperança do socorro chegar, até que decidimos virar o barco. Nós ficamos mais de duas horas esperando o socorro, meu filho sofrendo muito. Decidimos descer do barco para tirar a água de dentro, desviramos ele, saiu um pouco de água, fomos tirando água com a mão até que ele subiu um pouco, remamos com a mão até chegar na margem"
Após conseguir sair do rio, a família novamente viveu momentos de tensão, pois o filho já estava delirando e sofrendo convulsões devido ao frio. "Quando entramos na mata, no milharal, andamos por uns 400 metros, mas meu menino sofreu convulsão, estava delirando, fizemos uma cama no meio do milho, mas não estava resolvendo, até que graças a Deus apareceram dois anjos, dois pescadores, eles estavam com lanternas pra cima e gritavam e nós respondemos"
Marcelo lembra que um dos pescadores enrolou o filho em uma blusa e correu para salvar a vida do menino. "Um dos pescadores disse, deixa eu salvar a vida dele, enrolou meu filho em uma blusa e correu. O sobrinho dele, um outro pescador deu roupa pra gente, até que chegou outra embarcação. Se não fosse os pescadores, nós não estaríamos vivos"
O sobrevivente contou que o barco virou por volta das 16h30 e que foram resgatados por volta das 22h30. "Nós ficamos 3 horas dentro da água. O dono do barco não teve culpa, ele não queria chegar perto da correnteza, ele fez de tudo para nos salvar, não tem culpado" ressalta Marcelo.
Nesta quarta-feira (21), até às 17h, quatro corpos foram retirados do Rio Ivaí. Adalberto Fernandes Galice, de 42 anos e a filha Sophia Pacagnan Fernandes, de 4 anos, foram encontrados no final da manhã. O garoto Nicolas Pacagnan Fernandes, 8 anos, ainda não localizado, ele é filho e irmão das vítimas.
Já durante a tarde, Alberony Menegassi de Souza, 41 anos, e a filha Heloísa Menegassi de Souza, 3 anos estava a aproximadamente três metros de profundidade e foram encontrados por mergulhadores. Patrícia Miranda da Silva, 33 anos, esposa e mãe das vítimas, ainda segue desaparecida.
Ouça o relato:
(áudio fornecido pelo Blog do Berimbau em parceria com o canal HP)
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