PABLO RODRIGO
CUIABÁ, MT (FOLHAPRESS) - O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Rogers Elizandro Jarbas, foi afastado do cargo nesta quarta-feira (20) por decisão do TJ (Tribunal de Justiça).
A medida ainda impõe que o secretário, que também é delegado da Polícia Civil, passe a ser monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ele é acusado de atrapalhar e interferir nas investigações que apuram uma central de interceptações telefônicas clandestinas no alto escalão do governo Pedro Taques (PSDB).
De acordo com o desembargador Orlando Perri, o secretário estaria "cometendo diversos ilícitos penais, entre eles embaraçar investigação de infração penal envolvendo organização criminosa, abuso de autoridade, usurpação de função pública, denunciação caluniosa e prevaricação, entre outros", diz trecho da decisão.
O Ministério Público Estadual havia emitido parecer contra o afastamento e medidas cautelares contra Jarbas. Trecho da decisão do desembargador diz que o secretário, "valendo-se do cargo ocupado, vem agindo de maneira incisiva e direta no sentido de beneficiar seus aliados." Conforme as investigações, o secretário teria fornecido informações para o ex-secretário da Casa Civil Paulo Taques, que deixou o cargo no dia que o escândalo dos grampos veio à tona.
Também teria acolhido um requerimento do próprio governador Pedro Taques, que, segundo as investigações do delegado Flávio Henrique Stringueta, solicitava as mesmas informações sigilosas.
Mandado de busca e apreensão foi cumprido na sede da secretaria, onde documentos, agendas, planilhas, celular e computadores foram levados. Rogers Jarbas também foi afastado das funções de delegado da Policia Civil.
O caso veio à tona no dia 11 de maio deste ano. Entre as supostas vítimas da espionagem em 2014 estão candidatos e coordenadores de campanhas adversárias a de Taques naquele ano. Investigações apontam que cerca de 70 mil telefones no Estado podem ter sido interceptados de forma ilegal desde 2014.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) abriu sindicância para apurar se o governador Pedro Taques sabia das escutas ilegais. Além de Rogers Jarbas, há outros dois secretários de Justiça que também estão sendo investigados.
O governo de Mato Grosso não comentou o caso.
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