SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador da Bahia, Rui Costa (PT), articula um movimento de governadores para discutir saídas para a crise instalada no país depois da revelação do conteúdo das delações da JBS, que implicam diretamente o presidente Michel Temer.
Costa diz que, como governador e não como filiado ao PT, acredita que "todas as propostas têm de ser analisadas, inclusive a que não seja de eleição direta", o que se choca com posição defendida pelo PT.
Ele participou de reunião com dirigentes petistas, incluindo o ex-presidente Lula, e disse que o assunto foi tema das conversas. As Diretas Já são a principal bandeira petista no momento.
Costa disse ter conversado com os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), e com outros dois nomes do Nordeste. A ideia, diz, é conseguir uma reunião com os 27 governadores ainda esta semana.
"Alckmin disse que também estava preocupado, que também ia fazer algumas ligações."
O Palácio dos Bandeirantes confirma o contato de Costa e a proposta do encontro, mas diz que não se falaram novamente desde então.
"A ideia é a mesma: de reunir após a crise, o impeachment, juntar todo mundo e dizer: 'Podemos construir uma saída transitória para o pais?'", afirmou depois de deixar reunião do Diretório do PT, em São Paulo.
Ele diz ainda que vê que a única saída possível é pela política. "O Judiciário e o Ministério Público, por mais legítimos que sejam, não vão apontar saída para o Brasil."
Em outra reunião, mais cedo, o PT decidiu tentar dividir o protagonismo do pedido por Diretas Já para evitar que resistências à sigla atrapalhem a proposta.
"Eles [manifestantes] não querem vinculação com partido, por isso decidiu-se que as frentes capitalizem mais as convocações, procurem mais gente", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão.
O presidente do PT paulista, Emídio de Souza, disse que serão procuradas entidades que já se mostraram favoráveis à saída de Temer, como OAB e CNBB, além de partidos como PSB, PDT, Rede, PSOL e PC do B.
Os ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff também participaram da reunião. A ideia é que Lula esteja à frente das ações de movimentos sociais em defesa das diretas.
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