Sofrimento, essa é a palavra que o morador de Natal Alexandre Beveluto, de 40 anos, utiliza para descrever a situação pela qual está passando. Ele está a espera de uma cirurgia na rede pública e, até que isso aconteça, é necessário que utilize bolsa de colostomia. É importante destacar que o homem está há quase quatro anos utilizando o equipamento.
De acordo com Alexandre, cerca de 20 bolsas são cedidas a ele a cada dois meses pela Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Sesap), no entanto, segundo o paciente, que é usuário da rede pública de saúde, esse número não é suficiente para suprir sua necessidade, já que precisa trocar o acessório praticamente todos os dias.
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Por falta de bolsa de colostomia, Beveluto teve que improvisar. Ele está há um mês usando sacola plástica de supermercado, amarrada com cadarços, para improvisar o acessório.
"Estou nesse sofrimento, em carne viva, usando sacola plástica de supermercado, vendo a hora pegar infecção, amarrada com cadarços de tênis. Minha pele está toda queimada. Não estou conseguindo dormir, comer, estou perdendo peso. Acho que perdi uns seis quilos desse mês para cá. Para quem já perdeu quase 60 nessas três cirurgias...Eu vou me acabar desse jeito", lamentou.
Através de uma nota, a Sesap alegou que as bolsas estão sendo entregues normalmente. "O paciente citado na reportagem está na lista de recebimento e tem direito a dez bolsas por mês, além do acompanhamento de uma equipe especializada através do CRI (Centro de Reabilitacao). No entanto o paciente não compareceu no último mês para a retirada das bolsas e não enviou familiares", diz.
Alexandre afirma que não tinha dinheiro para ir pegar as bolsas.
Drama de 4 anos
Alexandre trabalhava como garçom antes de precisar usar a bolsa e desde 2018 praticamente está parado. "Ele não recebe nenhum tipo de benefício, apenas o auxílio emergencial nos últimos anos", contou o amigo Jailson dos Santos.
Sem renda, também não consegue comprar bolsas, já que uma caixa com 10 custa cerca de R$ 200.
"Estou querendo que os órgãos públicos se mobilizem, vejam minha situação e façam essa cirurgia para colocar meu intestino no lugar, porque eu não aguento mais tanto sofrimento. Não tenho renda de nada, não tenho família aqui. Ainda bem que tenho meus amigos que me ajudam quando podem. E estou passando certa dificuldade, a realidade é essa", reclamou Alexandre.
O paciente conta que para conseguir dormir atualmente é necessário praticamente se ajoelhar à beira da cama e deitar apenas o peito no colchão.
"Era para eu ter feito a cirurgia com um ano e eu com esse sofrimento entrando quatro anos. Não aguento mais não. Disseram que talvez daqui a 90 dias. Talvez. Talvez não é resposta concreta", disse.
O paciente disse que às vezes teme entrar em depressão diante dos pensamentos negativos com a situação, mas busca forças para seguir. "E quero fazer essa cirurgia, voltar a ser a pessoa que eu era, voltar ao meu corpo, voltar a trabalhar. Eu fazendo a cirurgia significa uma nova vida. Voltar a viver de novo, porque eu não estou vivendo, estou vegetando", disse.
Alexandre diz que sequer tomar banho alivia as dores e o soro fisiológico quando bate na pele também causa dor tamanha irritação no local. "Eu nunca passei por isso, nunca imaginei me encontrar na situação que estou hoje. Então quero reverter esse quadro, voltar a ser a pessoa que eu era. Só isso que eu quero".
Com informações do G1
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