A monkeypox, conhecida no Brasil como "varíola dos macacos", voltou a ser uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O anúncio foi feito na última quarta-feira (14) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O mais alto nível de alerta da organização havia sido declarado para o surto da "varíola dos macacos", como era então conhecida a doença, no final de julho de 2022. Somente em maio de 2023 que a organização decidiu rebaixar seu status, por causa da diminuição global do número de casos (como também aconteceu com a Covid).
Agora a preocupação é com a rápida propagação da mpox - numa variante nova - que vem acontecendo no continente africano, em especial na República Democrática do Congo (RDC), país que vem registrando somente este ano quase 14 mil casos, incluindo 450 mortes, segundo o último relatório do Centro Africano de Controle e Prevenção de Doenças, o Africa CDC.
Um caso da doença já foi registrado na Europa. Uma pessoa de Estocolmo, na Suécia, procurou ajuda médica nessa quinta-feira (15) para tratar o subtipo clado 1 da monkeypox. Tal acontecimento levantou dúvidas se a transmissão pode se espalhar e causar impactos semelhantes aos da Covid pelo mundo.
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Segundo a OMS, “é provável que haja mais casos importados na região europeia nos próximos dias e semanas”.
Dois clados principais do vírus que transmite a doença circulam pelo mundo. O clado 1, que é endêmico na África Central, e o clado 1b, uma nova versão envolvida no surto atual.
Em 2022, uma cepa mais branda do vírus Mpox, pertencente ao clado 2, causou um surto global que foi controlado por meio da vacinação de grupos vulneráveis.
Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que o vírus possui um grande potencial de disseminação. Apesar disso, não deve chegar a mesma intensidade ou letalidade da Covid.
“Vivemos numa pequena vila global de 8 bilhões de pessoas completamente interligadas. É questão de tempo para se disseminar para outros países. Vai acontecer, a gente pode ter certeza. Esperamos que com baixa magnitude e intensidade”, afirmou Alexandre Naime Barbosa, infectologista e coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia).
A pediatra Isabella Ballalai, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), concorda e destaca que, ao contrário da Covid, que surpreendeu o mundo e se espalhou rapidamente, a Mpox teve um alerta global antecipado, permitindo que os países se preparem para sua disseminação.
“O risco de uma epidemia é se esse alerta não funcionar. É para que cada país adote suas ações preventivas e comunique os profissionais para ficarem atentos aos pacientes com sintomas”, explica Ballalai.
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No Brasil, apenas em 2024, já foram registrados 709 casos e 16 mortes por mpox. Apesar do aumento e a circulação de uma variante mais perigosa do vírus, o Ministério da Saúde avalia que o risco é baixo para o país.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que a situação “não é motivo de alarme e sim de alerta”. Trindade anunciou na quinta (15) a aquisição de 25 mil doses da vacina contra Mpox com a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde).
A pasta também inaugurou o Centro de Operações de Emergência em Saúde para coordenar ações de resposta à Mpox (COE-Mpox), localizado na sede da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), em Brasília.
Apesar da aquisição das doses, uma vacinação em massa não deve ocorrer. “Apenas casos muito excepcionais e grupos muito vulneráveis”, disse a ministra. A decisão segue a recomendação da OMS de não vacinar populações inteiras.
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