Após o anúncio da Petrobras de reajuste de 14,2% no preço do diesel, caminhoneiros de todo o Brasil cobram uma ação do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e voltam a falar sobre greve.
Em nota, Wallace Landim, o Chorão, um dos líderes da greve dos caminhoneiros em 2018, apontou que a “grande falha e incompetência” do governo Bolsonaro foi não ter reestruturado a estatal e suas operações no início do mandato.
“O governo se acomodou e, por ironia do destino, o ministro apelidado de posto Ipiranga, que deveria resolver esse problema, é o grande culpado deste caos. Hoje, chegamos nesse ponto crítico, sendo que ainda temos sérios riscos de falta de diesel. Bolsonaro precisa entender que ficar dando ‘chilique’ não vai resolver o problema”, escreveu Chorão.
“A verdade é que, de uma forma ou de outra, mantendo-se essa política cruel de preços da Petrobras, o país vai parar novamente. Se não for por greve, será pelo fato de se pagar para trabalhar. A greve, no entanto, é o mais provável”, prosseguiu.
Antes do anúncio de novo aumento nos preços da gasolina e do diesel, Bolsonaro escreveu, na manhã desta sexta-feira (17), que a Petrobras pode “mergulhar o Brasil num caos”. E citou a greve dos caminhoneiros em 2018, que provocou alta nos preços e desabastecimento.
A estatal reajustou o preço do litro da gasolina vendido às distribuidoras de R$ 3,86 para R$ 4,06. No caso do diesel, a alta foi de R$ 4,91 para R$ 5,61. O aumento passa a valer a partir deste sábado (18).
Desde agosto de 2019, o preço do diesel vendido pela Petrobras às refinarias já subiu 168%, segundo levantamento feito pela reportagem com dados da estatal.
De acordo com registro da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o litro do diesel chegou a ser encontrado, no último mês, a R$ 8,69 nos postos de combustíveis. Hoje, o preço médio está em R$ 6,88.
O presidente do Sindicato de Transportadores Autônomos de Ijuí (RS), Carlos Alberto Litti Dahmer, cobrou “intervenção” do Governo Federal na Petrobras. “Enquanto o presidente não tiver a coragem e a capacidade de intervir na maior estatal do país, isso vai se perpetuar”, frisou, em entrevista para a reportagem do Metrópoles.
“É preciso ter coragem de enfrentar os acionistas pelo povo brasileiro. Não fazer isso é tirar da população para dar, cada vez mais, recursos e enriquecimento aos acionistas. Não foi pra isso que a Petrobras foi criada. Ela deveria ser a solução, e não um tormento, como está sendo, não apenas para caminhoneiros, mas para toda a população.”
Litti ressaltou que o reajuste tem alto impacto no bolso do consumidor. “Além do preço da gasolina, aumenta o custo do gás e da comida no prato dos cidadãos. É insuportável para todos, precisamos dar um basta nisso”, completou.
Incômodo acentuado
O caminhoneiro Jair Volnei Martins Marques, do Sindicato Caminhoneiros Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul, defende que, apesar de a mudança ser motivo de angústia para todos os cidadãos, no setor de transportes, a preocupação é ainda maior.
“Sabemos o quanto o valor dos combustíveis reflete em toda a cadeia de produção e comércio. Porém, para o transportador, o combustível é insumo”, salientou. “Não há margem ou possibilidade de barganha sobre o diesel, que é o valor de maior custo operacional.”
O caminhoneiro explica que a categoria enxerga com receio a “proposta paliativa” por parte do governo de reduzir o valor do ICMS dos estados. “O governo vai compensar a perda tirando do resultado de lucro da Petrobras, deixando de aplicar estes recursos em outras assistências”, assinalou.
Aumento de preços
Como resultado do ajuste desta sexta (17), o aumento da gasolina será de 5,18%, enquanto o do diesel chegará a 14,2%. A medida contraria o pedido do governo para que a Petrobras segurasse o preço dos combustíveis.
Em comunicado, a estatal ressaltou que o reajuste foi feito 99 dias após a última mudança no preço da gasolina. No caso do diesel, o valor estava mantido por 84 dias, segundo a Petrobras.
Fonte: Informações do Metrópoles.
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