Aproximadamente 120 pessoas participaram de uma mobilização contra feminicídio nesta segunda-feira (22), em Arapongas. A ação, batizada como Caminhada do Meio-Dia ocorreu simultaneamente em mais de 100 municípios do Paraná.
Carregando faixas, cartazes e bexigas brancas, mulheres e homens caminharam pela avenida central de Arapongas em memória das vítimas de feminicídio. O objetivo da ação é conscientizar a população sobre esse tipo de crime.
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Conforme a coordenadora da Patrulha Maria da Penha e presidente do Conselho Municipal dos Diretos das Mulheres, Michele Regina Zanin Campassi, a mobilização faz alusão à morte da advogada Tatiane Spitzner, arremessada do 4º andar de um prédio, pelo companheiro. O crime ocorreu em Guarapuava, em 2018.
Levantamento com base nos dados da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR) mostram alta de 10% nas denúncias de violência contra a mulher em Arapongas. No primeiro semestre do ano passado, foram registrados 938 casos do tipo, número que cresceu para 1.035 entre janeiro a junho deste ano. Em relação aos feminicídios, não houve registro de crime no primeiro semestre do ano passado e nem neste ano. O último feminicídio registrado no município foi o assassinato da jovem Alanis Hazielly Corniani, de 18 anos, ocorrido em novembro do ano passado.
"Arapongas possui várias ações para o enfrentamento da violência contra a mulher. Outras iniciativas serão realizadas em agosto, mês de conscientização contra a violência doméstica", afirma Michele.
A Caminhada do Meio-Dia foi organizada pela Patrulha Maria da Penha (instituição integrada da Guarda Municipal e Polícia Militar) em parceria com a Delegacia da Mulher, Secretaria Municipal de Assistência Social, Acia, Sima, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho Municipal do Direito das Mulheres, Procuradoria da Mulher da Câmara de Vereadores e Colégio Garcez.
PARANÁ
Em todo o Paraná, mais de 100 cidades aderiram à segunda edição da Caminhada do Meio-Dia. O evento integra a programação da Campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio. A secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, lembrou que o ato não foi uma simples caminhada, mas sim uma mensagem poderosa em memória das vítimas do feminicídio. “É uma declaração clara pelo fim da violência contra as mulheres. Cada passo que demos representa a nossa determinação de acabar com esse tipo de violência”, declarou.
“Ela representa, também, o nosso compromisso de construirmos um novo tempo, em que todas nós mulheres possamos nos sentir mais seguras e respeitadas, livre de todas as formas de violência que deixam marcas, dor, sofrimento e danos irreparáveis às vítimas que sobrevivem, aos seus familiares e a toda a sociedade. Essa é uma luta pela vida, pela liberdade e pela paz. Precisamos do Paraná inteiro, unido no combate ao feminicídio e pelo fim da violência contra as mulheres”, destacou.
A terapeuta Alessandra Dorte, que há seis anos sofreu uma tentativa de feminicídio, disse que a iniciativa representa muito. “Eu me desenvolvi para isso, para poder ajudar e me posicionar por essas mulheres. Para que a minha história sirva de exemplo para tantas outras”, ressaltou.
A 2ª edição da Caminhada do Meio-Dia contou, ainda, com o apoio de outras secretarias do Governo do Paraná, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de clubes de serviço, como o Lions e o Rotary; e de entidades da sociedade civil, como o Conselho Estadual da Mulher
DIA ESTADUAL
A data de 22 de julho foi escolhida em referência à morte da advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava. O Dia Estadual de Combate ao Feminicídio foi estabelecido pela lei 19.873/2019, sancionada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior.
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