“Estou sem chão”. Assim reage o porteiro, de 65 anos, ao falar sobre o filho, de 24 anos, um dos três brasileiros presos no dia 15 de fevereiro, no Aeroporto de Suvarnabhumi, localizado em Bangkok, capital da Tailândia, acusados de tráfico internacional de drogas. Um casal, que seria de Curitiba, e que estava em um voo diferente do rapaz de Apucarana, também foi preso.
“Estamos desesperados, muito nervosos. É um acontecimento muito difícil e não desejo isso a nenhum pai”, desabafa o homem, que trabalha como porteiro. No momento, diz, ele só espera “a poeira baixar” para ver o que pode ser feito para tentar ajudar o filho. “Enquanto isso, preciso cuidar da mãe dele, que está em casa, numa crise de choro”.
O trabalhador conta que não sabia que o filho faria essa viagem internacional. À família, o rapaz disse, no dia 11, que estava indo para a praia com amigos. “Para nós ele estava indo pra Camboriú”, conta. “Dois ou três rapazes vieram de carro aqui casa pegar ele para a viagem”, informa.
Os pais ainda conseguiram falar com o filho no domingo, dia 13, e depois disso perderam contato com ele. “Quando não conseguimos falar mais com ele já ficamos muito preocupados”, diz o homem. “Aí, ontem (quarta-feira, 16) à tarde, dois rapazes vieram em casa e contaram que ele havia 'caído' lá na Tailândia. Minha esposa me ligou no meu trabalho para me falar. Meu sangue ferveu na hora”, conta o pai.
O pai se diz envergonhado e triste com o episódio. “Não sei nem o que pensar ou o que fazer”. E conta que só desabou em choro ontem, quando foi no quarto do filho. “Era como se ele tivesse ali em casa, sabe. Aí chorei muito”.
A mãe diz que não sabe de nada. “Só sei chorar e parece que vou ter um infarto”, diz, aos prantos. Ela diz que nesta quinta-feira (17), informaram que teria um advogado acompanhando o caso. “Mas não sabemos quem é, não temos ideia. Deve ser advogado dos caras, lá”, diz a mãe, referindo-se aos outros brasileiros que também foram presos no dia 15. “A gente não sabe”, repete.
Os pais do jovem preso se dizem desesperados. “Nos falaram que naquela país a lei é muito rígida. E qualquer tentativa legal de soltar ele lá custaria pelo menos uns 160 mil reais”, diz. Esse valor, conta, é o que teria sido descoberto em pesquisas feitas na internet. “A gente não tem isso não. Nem perto disso. A gente não tem como nem contratar um advogado. Temos uma casinha onde moramos e eu tenho um carrinho”, preocupa-se.
Na madrugada desta quinta-feira, conta o pai, eles conseguiram conversar com o filho, pelo celular, enquanto o rapaz aguardava ser apresentado a autoridade judicial da Tailândia. “Nós conversamos da meia noite e meia até pouco depois das quatro da manhã. Ele contou como mentiu para nós. Pediu perdão. Chorou muito com a gente. Até que nos contou que teria que desligar, porque iriam tirar dele o celular e iriam levar ele até um juiz e de lá ele seria levado para uma prisão”.
O pai conta que o filho não teve envolvimento anterior com drogas. “Não que a gente saiba”, diz. Segundo ele, o rapaz não costumava fazer viagens internacionais. “Mas ele já tinha ido lá, nesse mesmo lugar, há uns quatro ou cinco anos. Na época, quando descobrimos, ele já tinha até voltado. Soubemos quando descobrimos as passagens aéreas no quarto dele. Pressionamos ele até confessar a mentira e até nos mostrou o passaporte”, contou.
Agora, nas conversas com o filho, o pai suspeita que o filho tenha sido pressionado a fazer uma segunda viagem. “Dessa vez, desconfio, ele tinha que ir ou aconteceria algo pior a ele. Você sabe. Eu senti ele pressionado. Perguntei e ele não falou nada. Mas eu senti que estava”.
O casal busca ajuda entre familiares. Uma sobrinha, de Maringá, está auxiliando e tentando contato com o consulado brasileiro na Tailândia para, então, a família ver o que é possível ser feito.
A família conversou com o TNOnline por telefone
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