A moradora de Apucarana (PR), Maranice Gimeni, convive com o luto após perder o pai José Gimeni, de 78 anos, em março deste ano. A orientadora acredita que o aposentado poderia ter sobrevivido ao infarto caso o socorro tivesse chegado a tempo. Foram inúmeras tentativas para acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a ambulância chegou 40 minutos depois. A operadora responsável pelo 192 apresentou instabilidade naquele dia, o que dificultou o contato com os socorristas.
O aposentado passou mal por volta das 17 horas do dia 27 de março. Maranice conta que imediatamente ligou para o 192 do Samu, mas só ouvia o sinal de linha ocupada. Na sequência, ela contatou o Corpo de Bombeiros e foi orientada a ligar em outros números alternativos.
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“Meu pai era um homem grande e a gente teria que ter uma maca ou cadeira de rodas para poder levá-lo ao hospital e não tínhamos essa estrutura. Tenho todos os prints das ligações que fizemos. Não sei nesse momento qual seria o papel do bombeiro, mas eu falava que meu pai estava morrendo e o atendente pedia para eu Ligar para o Samu”, relata.
Maranice contatou todos os números repassados pelo Corpo de Bombeiros: 192, fixo e um celular. Todos estavam com a linha ocupada. “Ligamos várias vezes para o Samu e só dava ocupado. Mais pessoas estavam na tentativa também. Os bombeiros informaram que não podiam vir e os outros números que eles passaram só davam ocupado. Nesse intervalo de tentar, meu vizinho resolveu ligar para a Polícia Militar e passaram outro número, onde a gente conseguiu pedir socorro. Mas nesse momento meu pai já havia falecido. Infelizmente não teve como socorrer ele”, relata.
Quarenta minutos depois uma ambulância do Samu chegou e os socorristas ainda tentaram ressuscitar José, mas ele havia falecido. “Nesse meio termo bateu o desespero, mas eu não pude fazer nada. Eu disse aos socorristas que eles não tinham culpa, mas o socorro veio muito tarde”, lamenta.
Para Maranice, a agilidade no atendimento seria crucial para salvar a vida de seu pai. “Meu pai estava lutando. Eu tentava acalmar ele, dizendo que o socorro estava a caminho. Mas o socorro nem sabia que ele estava passando mal. Eu só sei que a gente tinha ouvido várias reclamações e para uma cidade como Apucarana que atende o Vale do Ivaí, é lastimável, A gente que é contribuinte, paga impostos, que é cidadão de bem, a hora que mais precisa, não tem esse socorro”, desabafa.
OUTRO LADO
A tenente do Corpo de Bombeiros, Ana Paula Zanlorenzi informa que a corporação não pôde atender ao chamado de Maranice pois as viaturas estavam empenhadas no atendimento de um acidente entre dois veículos na BR-376 no dia 27 de março por volta das 17 horas. "Provavelmente o atendente tenha insistido para que a solicitante fizesse o contato com o Samu justamente porque estávamos sem ambulância disponível no momento, por já estar em outra ocorrência”, explica a tenente.
Ela também esclarece que, por protocolo, problemas clínicos são de competência do Samu. Porém o Siate atende essas ocorrências em casos excepcionais. “Quando o Samu tem alguma situação mais grave e não consegue atender no momento pede para que nossa ambulância vá até a ocorrência. Mas reforçando que casos clínicos são, realmente, de competência do Samu”, afirma.
A Coordenação do Samu Apucarana informou que no dia 27 de março a operadora responsável pelo número 192 de emergência apresentou instabilidade. No outro dia foi divulgado um comunicado na imprensa local sobre o problema de origem na operadora de telefonia.
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