À medida que o Brasil navega pelo terceiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, uma análise crítica das políticas e abordagens atuais do governo federal se faz necessária. A despeito do histórico político de Lula, que começou com um primeiro mandato promissor, seguido por um desempenho mediano no segundo, o cenário atual sugere que, sem uma mudança significativa de rota, seu terceiro mandato corre o risco de ser lembrado como um dos mais problemáticos do período pós-redemocratização do país.
Uma das críticas mais contundentes ao atual governo que se faz diz respeito à sua inclinação para uma maior interferência estatal na economia. Embora a intenção de regular e guiar a economia para um crescimento equitativo seja louvável, a maneira como isso está sendo proposto pelo presidente Lula, especialmente sua intenção de intervir nas decisões técnicas e nas indicações de empresas estatais e até mesmo na Vale (uma empresa que foi privatizada há décadas), revela uma abordagem preocupantemente intervencionista. Essa inclinação não apenas contraria a lógica de mercado e a autonomia empresarial, mas também ressuscita temores de uma governança excessivamente centralizada e politizada, que poderia prejudicar a eficiência e a competitividade no cenário global.
Além disso, a proposta de utilizar bancos públicos para forçar uma redução dos juros em um momento em que bancos centrais ao redor do mundo estão mantendo as taxas para combater a inflação, é particularmente alarmante. Embora a intenção de tornar o crédito mais acessível e estimular o crescimento econômico seja compreensível, essa estratégia ignora o contexto econômico global e os princípios básicos de política monetária. Com uma expectativa de inflação no Brasil persistindo na faixa de 3,5% para os próximos três anos, uma inflação dos alimentos em torno de 4% e um crescimento do PIB inferior a 2%, medidas populistas de curto prazo podem ter consequências desastrosas a longo prazo, incluindo a possibilidade de uma inflação descontrolada.
É crucial que o governo federal reconheça a importância de equilibrar intervenções estatais com as dinâmicas de mercado. Políticas econômicas não podem ser baseadas meramente em ideologias ou em tentativas de reverter privatizações passadas sem uma análise criteriosa dos potenciais impactos. A população brasileira merece e necessita de políticas que promovam o desenvolvimento sustentável, a estabilidade econômica e a inovação, em vez de medidas reativas que possam comprometer o futuro econômico do país.
Para que Lula evite a infeliz distinção de encerrar seu terceiro mandato como um dos menos eficazes da era pós-redemocratização, é necessário que haja uma reavaliação das estratégias atuais. O governo precisa adotar uma abordagem mais pragmática e menos ideológica, com políticas fundamentadas em dados concretos, análises técnicas e melhores práticas globais. A governança deve ser pautada pela eficiência, transparência e responsabilidade, priorizando o bem-estar a longo prazo da nação e de sua população.
Assim, urge que o presidente Lula e sua equipe governamental atuem menos com o “fígado” e mais com o “cérebro”. Decisões políticas e econômicas devem ser tomadas com cautela, consideração e baseadas em uma visão de futuro, não em reações emocionais ou inclinações ideológicas. O Brasil possui um potencial imenso para o progresso e a prosperidade, mas para que esse potencial seja realizado, é essencial que seus líderes escolham o caminho da razão, da inovação e da inclusão.