As recentes estatísticas publicadas pelo INEP a respeito dos cursos superiores no Brasil evidenciam uma realidade inquietante e de múltiplos aspectos. Enquanto as taxas de desistência alcançam níveis alarmantes, a escassa demanda pelos cursos superiores nas instituições públicas do estado do Paraná também se destaca como um ponto crucial de discussão nas conversas pelos corredores universitários.
Os dados para o Brasil demonstram que, considerando a média dos cursos superiores (excluindo cursos nas áreas de saúde e engenharias) com alunos ingressantes em 2017, somente 28,1% dos alunos concluíram seus cursos até 2021, após cinco anos de estudos. Essa taxa de conclusão baixa por si só já merece reflexão, mas quando olhamos especificamente para os cursos de instituições públicas (estaduais e federais), a situação se agrava ainda mais: apenas 20,0% dos estudantes conseguiram concluir seus cursos até 2021, levantando questionamentos sobre a eficácia de se garantir uma trajetória acadêmica bem-sucedida.
No cenário paranaense, os números de concluintes são melhores, mas igualmente preocupantes. Em média, apenas 34,3% dos alunos conseguiram concluir seus cursos, enquanto 49,2% decidiram abandonar, e 16,5% ainda se mantiveram matriculados. Dentro das instituições públicas do estado, a taxa de conclusão cai para 28,0%, com uma proporção significativa de 41,3% de desistências. Quando analisamos as instituições federais isoladamente, a taxa de conclusão é ainda menor, apenas 20,1%, com 41,9% de desistentes. Nas instituições estaduais, apesar de um desempenho um pouco melhor (33,5% de concluintes), ainda há um elevado número de desistências (40,9%).
Nas conversas informais pelos átrios das universidades públicas do Paraná, a diminuição da procura nos vestibulares surge como um tema recorrente, refletindo uma preocupação disseminada sobre as ações e estratégias iminentes dessas instituições. Os consideráveis índices de evasão destacam um problema sistêmico que demanda uma investigação e resolução urgentes.
De maneira geral, as razões subjacentes a esse fenômeno requerem uma análise profunda. Questões financeiras, carência de apoio acadêmico, desalinhamento entre as expectativas dos alunos e a realidade dos cursos oferecidos, bem como desafios socioeconômicos, podem estar entre as diversas razões que levam os estudantes a desistir. No entanto, esses números também suscitam questionamentos acerca da qualidade do ensino, da pertinência dos currículos e da capacidade das instituições de se adaptarem às necessidades em constante evolução dos alunos.
A falta de conclusão de cursos não é apenas uma perda para os próprios estudantes, mas também para a sociedade como um todo. Investimentos significativos são feitos em educação superior, e quando uma parcela tão grande de alunos desiste, o retorno desse investimento para a sociedade é seriamente comprometido.
É imperativo que as instituições de ensino, especialmente as de caráter público, juntamente com os órgãos reguladores, encarem esse desafio de maneira direta. Uma revisão ampla dos currículos, o aprimoramento do suporte aos alunos, a adaptação dos métodos de ensino às demandas contemporâneas e um esforço concentrado na compreensão e abordagem das razões subjacentes à evasão são medidas cruciais para reverter essa tendência negativa. O ensino superior no Paraná e em todo o país depende da habilidade em solucionar este problema e assegurar que os estudantes possam efetivamente colher os frutos de suas aspirações acadêmicas.