Ausência da política rural municipal

Da Redação ·
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Plantação de café em Carlópolis. 07/2021 . Foto: José Fernando Ogura/AEN
fonte: José Fernando Ogura/AEN
Plantação de café em Carlópolis. 07/2021 . Foto: José Fernando Ogura/AEN

O Paraná é um dos grandes protagonistas na produção de café no país, ocupando a posição de 6º maior produtor nacional e 4º maior exportador do grão e seus derivados. A distribuição espacial da produção de café no estado apresenta forte concentração, com mais de 50% da produção localizada no Norte Pioneiro, destacando-se os municípios de Carlópolis, Pinhalão, Ibaiti, Tomazina, Jaboti, Santo Antônio da Platina e São Jerônimo da Serra. Apucarana, situada no Vale do Ivaí, também se sobressai como importante produtor de café, representando 5,48% do Valor Bruto da Produção estadual, segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná. Já as exportações estaduais de café estão concentradas nos municípios de Londrina, Cornélio Procópio e Rolândia, que são responsáveis por impressionantes 98,5% do total exportado.

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O desinteresse de outras regiões na industrialização e exportação de café pode ser uma das causas dessas concentrações, visto que a cultura do café enfrentou grandes crises no passado. É importante questionar a atuação dos poderes públicos municipais no incentivo do setor. A falta de uma política agrícola mais efetiva nos municípios, com diretrizes claras para suporte à produção, assistência técnica e infraestrutura rural, é evidente.

Uma análise crítica revela que o apoio ao setor rural vai além da simples alocação de recursos. Na região de Apucarana, a cadeia produtiva do café, um segmento agroindustrial de grande relevância para o estado, possui expressivo potencial de desenvolvimento, mas sua evolução está atrelada à implementação de políticas públicas eficazes. No entanto, as ações de incentivo e apoio frequentemente se mostram dispersas e desarticuladas, carecendo de uma visão estratégica de longo prazo que integre produção, comercialização e inovação, promovendo a sustentabilidade e a competitividade do setor.

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A situação da região de Apucarana é emblemática. O que impede o impulso necessário ao setor? A resposta pode estar na falta de prioridade dada pelos gestores públicos ao desenvolvimento sustentável do meio rural. Políticas eficazes nessa área demandam planejamento estratégico, investimentos consistentes e, sobretudo, vontade política para implementar ações transformadoras.

Existem meios, equipes especializadas e suporte de órgãos estaduais e federais disponíveis. O problema reside na alocação dessas ferramentas e na definição de prioridades pelos governos municipais. Sem uma estratégia clara e um compromisso real com o desenvolvimento rural, regiões como a de Apucarana continuarão a não explorar todo seu potencial produtivo e comercial no setor.

A descentralização das ações de incentivo e suporte é fundamental. Programas de assistência técnica, infraestrutura rural e apoio financeiro aos produtores precisam ser coordenados de forma que atendam às necessidades específicas de cada região. Somente assim será possível reviver os tempos áureos do café no norte do Paraná e assegurar que regiões como a de Apucarana voltem a ser protagonistas na produção, industrialização e, quem sabe, na exportação de café.

Vale citar um ditado popular que ilustra a necessidade de ação concreta e eficaz: “A melhor hora para plantar uma árvore foi há 20 anos. A segunda melhor hora é agora”. Este provérbio chinês nos lembra que, embora tenhamos perdido oportunidades no passado, o momento de agir é o presente. A implementação de políticas públicas eficazes é imperativa para transformar o potencial do setor rural em realidade concreta e próspera.

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